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Quase 40% dos docentes não têm formação adequada, aponta censo

28/03/2016 18h43

Brasília - Do total de professores ativos nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio da rede pública, quase 40% não têm qualificação ideal, apontou censo divulgado nesta segunda-feira, 28, pelo Ministério da Educação (MEC). Considerando o fato de que um professor pode lecionar mais de uma disciplina, o índice de docentes em sala de aula com formação inadequada sobe para 53%, assinala o levantamento.

Com o objetivo de diminuir essas taxas, a pasta vai lançar a Rede Universidade do Professor, para estimular os docentes a complementar a formação. Serão disponibilizadas 105 mil vagas já para este segundo semestre, informou o MEC. As inscrições vão de 5 de abril a 5 de maio, por meio da Plataforma Freire (http://freire.capes.gov.br).

Baseada em dados de 2015, a pesquisa conclui que a situação mais crítica é a da disciplina de Física, em que 64,7% dos professores se enquadram em um dos seguintes quadros: têm bacharelado, mas não licenciatura; têm licenciatura, mas em área diferente da que ensina; têm curso superior (engenheiro lecionando matemática, por exemplo); ou só têm diploma de ensino médio.

"Se todos os físicos que formamos por ano fossem dar aula - o que não acontece -, levaríamos 11 anos para suprir essa demanda. Esse é o tamanho do problema", disse o ministro, Aloizio Mercadante.

Em Ciências e História, 60% dos professores têm qualificações inadequadas. Em Geografia, o índice é de 62%. "São docentes que podem ter experiência de sala de aula, mas acabam lecionando de forma improvisada, só para completar a grade horária", lamentou o ministro, citando pesquisa da Fundação Carlos Chagas que detectou que apenas 2% dos jovens que concluem o ensino médio desejam ser professores.

A Rede Universidade do Professor vai utilizar vagas que estavam ociosas em universidades e institutos federais para disponibilizá-las a esse grupo de docentes. Serão 24 mil presenciais e 81 mil a distância, por meio da Universidade Aberta do Brasil. "Eles (os docentes efetivos) são a prioridade da prioridade", destacou Mercadante. Se houver necessidade de mais vagas, o MEC vai pactuar com instituições privadas.

Para 2017, a previsão é fortalecer o programa Parfor, de formação de professores, de forma que eles possam cursar as disciplinas exigidas durante as férias da rede pública da educação básica, em uma espécie de curso intensivo. O edital será publicado até o fim deste ano.