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Candidato ao comando da Câmara, Rodrigo Maia troca antipetismo por alianças

O deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) - Antonio Cruz - 1º.mar. 2011/ABr
O deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) Imagem: Antonio Cruz - 1º.mar. 2011/ABr

No Rio e em Brasília

12/07/2016 08h40

Uma aula de economia ao ar livre agitou a tarde de 23 de março de 1990, na praça Floriano, conhecida como Cinelândia, no centro do Rio. Ao pé das escadarias da Câmara Municipal, transformada desde a campanha de 1982 no quartel-general dos seguidores mais apaixonados de Leonel Brizola (PDT), o deputado federal pedetista e economista Cesar Maia tentava explicar aos correligionários seu apoio ao Plano Collor, mas não conseguiu convencer ninguém.

Cercado por militantes que o insultavam, precisou de escolta da Polícia Militar para deixar o local ileso. Estava com o filho, um jovem de 19 anos.

Vinte e seis anos depois, o jovem que acompanhou a aula na Brizolândia tem 46 anos, está no quinto mandato como deputado federal e tentará a presidência da Câmara. Ironicamente, chegou a articular apoio da esquerda - o PT foi liberado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para apoiá-lo.

Ex-aliado do então presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Rodrigo Maia (DEM-RJ) trocou o antipetismo que o levou a articular o impeachment da presidente Dilma Rousseff pelo pragmatismo. "Sou aliado do presidente Temer e quero trabalhar para reconstruir a harmonia na Câmara", disse à Coluna do Estadão, no sábado (9). O peemedebista renunciou na quinta-feira passada ao cargo, do qual fora afastado pelo Supremo Tribunal Federal.

Rodrigo soube se beneficiar da aliança com Cunha em torno do afastamento de Dilma. Virou presidente da Comissão Especial da reforma política e, quando o então presidente da Câmara destituiu o deputado Marcelo Castro da relatoria do projeto, nomeou Rodrigo relator de plenário. Tornou-se, assim, principal canal de diálogo com PSDB, PPS e DEM. O abalo na relação veio com a indicação de André Moura (PSC-SE) por Cunha para a liderança do governo na Câmara.

Quatro anos atrás, Rodrigo já dera outro exemplo de pragmatismo nas eleições do Rio. Aceitou encabeçar uma chapa para prefeito do Rio tendo como candidata a vice Clarissa Garotinho, do PR, filha do adversário Anthony Garotinho. Era uma aliança entre dois clãs políticos que, depois de viver anos de protagonismo e disputas em campos opostos, atravessava dias difíceis. Cesar fora prefeito por três vezes, desde 1993, e elegera um sucessor, em 1996. Anthony Garotinho controlou o governo de 1999 a 2002.

Em 2012, porém, Cesar e Garotinho estavam longe do poder e tentaram a união. Não funcionou. O resultado da aliança para a disputa municipal foi uma soma de rejeições. Rodrigo terminou em terceiro lugar, com apenas 2,94% dos votos. Na eleição seguinte, para deputado federal, em 2014, Rodrigo teve sua votação mais baixa desde 1998: pouco mais de 53 mil votos.

Trajetória

Rodrigo Maia nasceu no Chile, onde o pai vivia o exílio. Aos 26 anos, foi nomeado secretário de governo da gestão Luiz Paulo Conde (1997-2000), então um aliado eleito pela força de Cesar, na Prefeitura do Rio. Pela proximidade e até semelhança física com o ex-chefe do Executivo carioca, foi apelidado "Baby Sauro", uma referência a um seriado americano dos anos 1990.

Ainda menino, acompanhou a carreira política do pai. Viu-o próximo de líderes como Brizola, Ulysses Guimarães, Marcello Alencar, deputados, senadores, governadores. Elegeu-se deputado federal pela primeira vez em 1998, aos 28 anos, com quase 100 mil votos, na mesma eleição que Cesar, pelo PFL, perdeu para Garotinho a disputa pelo governo fluminense. Rodrigo foi reeleito em 2002, 2006, 2010 e 2014. Foi vice-líder (2003-2005), líder (2005-2007) e presidente do PFL. Em 2007, o partido virou DEM, sob seu comando.

Casamento com protesto

Onze anos atrás foi alvo de protesto quando se casou, na Igreja de São Francisco de Paula, no centro do Rio, com Patrícia Vasconcelos, enteada de Moreira Franco, hoje secretário executivo do Programa de Parcerias e Investimentos.

Revoltados com a presença na cerimônia de políticos como o então governador de Minas Gerais, Aécio Neves, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o então prefeito de São Paulo, José Serra, todos do PSDB, e indignados com a suposta retirada das imediações de mendigos e camelôs, cerca de cem manifestantes se aglomeraram sob gritos de "oligarquia, oligarquia". As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".