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Renan: História nos julgará e nossa única certeza será de que não nos omitimos

31/08/2016 13h38

Brasília - O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), fez nesta quarta-feira, 31, um discurso emotivo sobre o papel da Casa no processo de impeachment. Ele afirmou que os senadores podem ter cometido erros, mas a beleza da democracia é que ela se corrige continuamente. "Um dia a história nos julgará e nossa única certeza será de que não nos omitimos", comentou.

O presidente do senado disse que é unanimidade nos poderes democráticos que juntos estarão decidindo o destino da Nação. "É algo mais amplo e sólido, não estamos submetidos ao sectarismo de um quórum momentâneo", frisou. E citando uma das figuras mais emblemáticas de seu partido, o falecido Ulysses Guimarães, mostrou um exemplar da Constituição de 1988, cujo processo foi conduzido por Ulysses no parlamento.

Em seu pronunciamento, Renan disse que seja qual for a decisão tomada hoje pela Casa, ela terá o DNA da democracia, da constituição. Para ele, é preciso deixar o jeitinho brasileiro de lado e aprimorar a legislação.

O peemedebista elogiou também o trabalho do ministro do STF Ricardo Lewandowski, que preside as sessões do processo de impeachment de Dilma Rousseff, citando sua "sobriedade" e classificando-o de grande magistrado.

"Lewandowski conduziu este processo com mão firme e norte claro, e nos trouxe hoje a um porto seguro e a sua contribuição ao País irá reverberar por sucessivas gerações."

Para Renan, o Brasil percorreu uma estrada de legitimidade muito bem pavimentada e sinalizada pela Constituição. "Questionamentos existirão, mas a culpa não será da rota, da Constituição, da democracia, não fomos muito lentos para procrastinar e nem céleres a ponto de atropelar garantias, a árvore desse fruto não irá gerar um fruto podre porque esta árvore tem em todos os seus ramos, falhos e folhas a seiva da democracia."

"A democracia não é o melhor regime porque é infalível, mas porque corrige suas próprias imperfeições, sob o mando soberano do povo", afirmou. "Temos de enfrentar premissas. Podemos estar cometendo erros? Sim, mas a grande e insofismável verdade, eis a grandeza da democracia, é que se errarmos, a democracia se corrigirá e povo nos corrigirá. A democracia é falha porque é humana, mas sublime porque se aceita imperfeita e admite se corrigir continuamente".

Na avaliação do presidente do Senado, num processo de impeachment a vítima é sempre a sociedade brasileira. E destacou a necessidade de se reinventar a política de maneira permanente. No final do discurso, Renan citou novamente Ulysses Guimarães: "É caminhando que se abre o caminho".

Renan parabenizou os senadores e disse que eles praticaram a democracia com o que a política tem de mais elevado. Mesmo assim, o presidente do Senado pediu desculpas ao País por qualquer atitude mais contundente e passional. "Vossas excelências praticaram a política no mais alto nível, à luz do dia, no calor do debate, do confronto de ideias". O senador afirmou que os parlamentares demonstraram para a nação o que a política brasileira tem "de mais elevado".

Avaliação

Interlocutores do presidente em exercício, Michel Temer, avaliaram a fala do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), como "fraca" e que ele tentou "sair pela tangente" em relação a seu voto no julgamento final do impeachment de Dilma Rousseff.

Segundo um interlocutor do presidente, Renan parece querer adotar a postura de "se colocar como juiz" e, caso realmente não vote, haverá um constrangimento natural durante a viagem que os dois farão para a China, ainda hoje, caso seja mesmo confirmado o afastamento de Dilma. Outra fonte do Planalto disse que o discurso não trouxe informação adicional ao cenário.