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Doria reitera privatização de Interlagos e rejeita comparação com Trump

Prefeito eleito João Dória (PSDB) conversa com a imprensa após se reunir com o atual mandatário de São Paulo, Fernando Haddad (PT) - DARIO OLIVEIRA/CÓDIGO19/ESTADÃO CONTEÚDO
Prefeito eleito João Dória (PSDB) conversa com a imprensa após se reunir com o atual mandatário de São Paulo, Fernando Haddad (PT) Imagem: DARIO OLIVEIRA/CÓDIGO19/ESTADÃO CONTEÚDO

Em São Paulo

16/11/2016 13h18

Após se reunir com o atual prefeito Fernando Haddad (PT) na sede da Prefeitura de São Paulo, o prefeito eleito João Doria (PSDB) reafirmou nesta quarta-feira (16) que os projetos de privatização na sua gestão vão começar com o Autódromo de Interlagos e o Parque Anhembi. Ele disse que as duas operações devem gerar uma arrecadação superior a R$ 4 bilhões. Logo após ser eleito, Doria havia citado uma previsão de R$ 7 bilhões arrecadados com as duas privatizações. O tucano ainda falou sobre as comparações recentes entre ele e Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos.

Em entrevista coletiva concedida nesta manhã, o prefeito eleito disse que pretende adotar o mesmo modelo do autódromo de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. Ele exemplificou que lá o complexo reúne hotel, apartamentos de alto nível e um centro de entretenimento. "O modelo de Interlagos será o mesmo de Abu Dhabi, que hoje tem um dos autódromos mais modernos do mundo, abriga algumas das competições mais importantes e tem utilização regular diária", citou.

O conceito, afirmou Doria, é construir no local o Museu do Automobilismo que leve o nome do piloto Ayrton Senna. Segundo ele, estão previstas ainda a preservação do autódromo, do kartódromo e do parque com acesso gratuito à população, além de uma valorização com empreendimento imobiliário "debruçado no maior e melhor autódromo do País".

Para Doria, empresas poderão formar consórcios e assumir o autódromo. Ele informou que vai se reunir na semana que vem com os organizadores da Fórmula 1 no Brasil e apresentar o projeto de privatização.

O prefeito eleito destacou que vai convidar o presidente mundial da F1, Bernie Ecclestone, e outros organizadores para formar um consórcio de empresas e administrar o complexo. "Quem sabe a empresa do Bernie pode isoladamente ou por consórcio ser uma daquelas que vai disputar o programa (edital) de privatizar", disse.

O tucano pedirá ainda ao ministro do Turismo, Marx Beltrão, a liberação de recursos do PAC do Turismo já destinados à cidade para a reforma de áreas de Interlagos, como a cobertura das arquibancadas. "Havendo recursos, como de fato existe, vamos concluir (a reforma), mas a privatização será feita."

Doria disse ainda que sua gestão vai tentar "sensibilizar positivamente" a Câmara Municipal para a aprovação da privatização. "Tenho certeza que o que é bom para a cidade os vereadores vão analisar de forma positiva, sensata e equilibrada e com grandes chances de aprovação", afirmou.

Comparações com Trump

Doria evitou a comparação de sua figura com a do magnata Donald Trump, eleito presidente dos Estados Unidos. No domingo, 13, o jornal norte-americano The Washington Post relacionou a vitória de Trump nas eleições presidenciais americanas com a eleição de Doria em São Paulo, afirmando que os resultados podem ser apenas o início de uma "onda populista global".

Perguntado sobre o teor da reportagem, Doria negou ser comparado ao norte-americano. "Agradeço (a relação), mas declino", afirmou na coletiva de imprensa.

Em viagem aos Estados Unidos no dia em que Trump foi eleito, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), padrinho político de Doria, disse que a comparação entre o prefeito eleito e o presidente eleito dos Estados Unido era equivocada.

A reportagem de domingo foi a segunda em que o Post comparou Doria a Trump. No dia 4 de outubro, dois dias após as eleições brasileiras, o jornal classificou o prefeito eleito de São Paulo como o "Donald Trump brasileiro", pelo fato de os dois terem apresentado o reality show "O Aprendiz", cada um seu país, serem empresários e novatos na política.