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Paulo Hartung: estamos fazendo ajuste fiscal duríssimo no Espírito Santo

01/02/2017 16h23

São Paulo - O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), afirmou que vem fazendo um ajuste fiscal duríssimo no seu Estado. Ele contou que antes mesmo de voltar ao governo em 2015, após sua eleição em 2014, trabalhou com a Assembleia Legislativa para reorganizar um orçamento que estava com receitas superestimadas. "Tivemos um diálogo difícil com o Poder Judiciário, a Assembleia, o Ministério Público, o Tribunal de Contas, para diminuir em quase 10% o orçamento de todo mundo. Isso antes mesmo da minha posse", comentou em evento promovido pelo Credit Suisse.

Segundo ele, em 2014 o Espírito Santo teve um déficit de R$ 1,4 bilhão, mas em 2015 o governo conseguiu reverter essa situação e fechar com superávit de R$ 176 milhões, graças basicamente a controle de gastos. "Parece pouco, mas é um feito importante, diante da trajetória que tínhamos". Ele contou que colocou uma consultoria privada em grandes secretarias, como Educação e Saúde, para reduzir desperdícios.

O governador não deu números, mas disse que também houve um leve superávit em 2016, mesmo com a crise econômica nacional e o acidente da Samarco em Mariana (MG), que além dos danos ambientais prejudicou a economia capixaba. "A Samarco tem quatro usinas pelotizadoras no Espírito Santo e até hoje elas não voltaram a funcionar. Isso tem peso na nossa economia", comentou.

O político e economista ressaltou que o principal problema dos Estados é a folha de pagamento e a questão da Previdência, que precisará ser endereçado em breve. "Eu tenho orgulho do que estamos fazendo no meu Estado, mas o Espírito Santo não ficará de pé se não fizermos uma reforma da Previdência e instituirmos uma idade mínima de aposentadoria". Hartung contou que no ano passado tirou R$ 1,8 bilhão do tesouro do Estado para cobrir o buraco da Previdência, enquanto teve apenas R$ 200 milhões para investimentos.

Sobre o cenário nacional, ele disse que o quadro de recessão é doloroso, mas ao menos permite um amplo debate para repensar o Brasil. "Se conseguirmos unir o País numa direção, convencer a sociedade a abraçar uma agenda de reformas estruturais, que criará condições para as pessoas viverem melhor nos próximo anos, isso será extraordinário".

Em relação ao governo do seu correligionário Michel Temer, Hartung disse que a administração federal tem qualidades, dialoga bem com as instituições, mas ainda não tem força para conversar com a sociedade. "Isso, indiscutivelmente, é um ponto franco. Precisa ser pensado".

Segundo ele, há no Brasil um "vazio brutal" de lideranças. "Vai aparecer alguém do nada para nos conduzir? Para o bom caminho não, para um caminho ruim, seguramente. Para arranjar um Donald Trump verde e amarelo está mole", afirmou, criticando o viés populista que atinge parte do mundo desenvolvido atualmente.