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Operadores do PMDB retornam ao Brasil "no menor tempo possível", diz defesa

23/02/2017 20h31

Os advogados de Jorge Luz e seu filho Bruno, apontados como operadores do PMDB no esquema de corrupção na Petrobras, anunciaram nesta quinta-feira (23) que os dois irão se apresentar às autoridades brasileiras "no menor espaço de tempo possível, para dar cumprimento aos mandados de prisão expedidos, antecipando seus voos de regresso ao país". A informação foi dada em nota pelos criminalistas Gustavo Alves Pinto Teixeira e Rafael Cunha Kullmann.

Bruno deixou o Brasil no dia 16 de agosto, e seu pai, Jorge, no último dia 11 de janeiro. Ambos viajaram para os Estados Unidos e, segundo a Operação Blackout, 38º desdobramento da Lava Jato, não havia registro de que tenham retornado ao país.

A defesa afirma que Bruno Luz avisou as autoridades antes de deixar o Brasil e que ambos (ele e o pai) estavam com as passagens de volta já compradas.

Os advogados apresentaram cópias de comprovantes de compras das passagens indicando que Bruno retornaria ao Brasil no dia 6 de julho - mas com retorno à Flórida já programado para o início de agosto - e seu pai no dia 7 de março. O comprovante da compra de Bruno data de 4 de janeiro, e o de Jorge, de 15 de dezembro. No caso de Bruno, contudo, a compra é de ida e volta e indica que ele retornaria aos EUA no dia 12 de agosto.

Para a defesa, os comprovantes indicam "a inexistência de qualquer intenção de se furtar à aplicação da lei penal, muito menos de se evadir do pais em caráter definitivo, o que nos leva a concluir que não podem estar foragidos, tanto é assim que até mesmo a cota Ministerial que promoveu o pedido de prisão indica as datas de saída de Jorge e Bruno, muito antes de qualquer decisão judicial que lhes impedisse de ir e vir".

A decisão de Moro decretando a prisão preventiva dos Luz é do dia 15 de fevereiro. "Aliás, é de se dizer que todos ao passos e movimentos dos peticionários eram de ciência das autoridades, veja-se que a defesa em 4 de agosto de 2015 informou à Polícia Federal os motivos da estadia temporária de Bruno Luz no exterior, indicando prazo de permanência e telefone a ser contatado, caso necessário fosse", segue a defesa.

Os advogados argumentam que pai e filho já prestaram depoimentos em investigações que envolvem políticos com foro privilegiado perante o Supremo Tribunal Federal. Sendo que Jorge Luz depôs três vezes à PF, e seu filho, uma vez, "que ambos compareceram quando já se encontravam fora do país", dizem os advogados.

Operação

Os operadores financeiros do PMDB Jorge Luz e Bruno Luz, alvos da 38ª fase da Operação Lava Jatodeflagrada no Rio de Janeiro nesta quinta-feira (23), teriam intermediado o pagamento de US$ 40 milhões (R$ 122 milhões) no período de dez anos a agentes políticos, a maioria deles senadores, e diretores da Petrobras, segundo o MPF (Ministério Público Federal). Jorge e Bruno estão fora do país e são considerados foragidos, segundo a Polícia Federal. 

De acordo com a força-tarefa da Lava Jato, pai e filho são suspeitos de intermediar propina "de forma profissional e reiterada" na diretoria Internacional da Petrobras, com atuação também nas diretorias de Serviço e Abastecimento da estatal. 

Os mandados tiveram como base depoimentos das delações premiadas, documentos que comprovam, segundo a força-tarefa, pontos apresentados nas delações, além de provas obtidas por intermédio de cooperação jurídica internacional. Durante as investigações, afirma a força-tarefa da Lava Jato, foram identificados pagamentos em contas na Suíça e nas Bahamas.

As delações apontam que os valores pagos variaram de US$ 300 mil a até US$ 6 milhões, segundo o procurador Diogo Castor de Mattos, que integra a força-tarefa da Lava Jato, em entrevista a jornalistas.