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2ª noite de SP tem louvor para todos os ‘Zés’ e gêneros

25/02/2017 09h50

São Paulo - Como em outros carnavais, a palavra que mais surge quando analisamos os sambas do segundo dia dos desfiles no Anhembi é amor. Mas ao verificar os enredos se chega à conclusão de que é um amor pelas homenagens, pela louvação. Nesta noite, o sambódromo vai celebrar de Mãe Menininha a todos os Zés do Brasil.

É por eles, pelo Zé Pereira aliás, que a Mancha Verde abrirá o desfile. De volta à elite do carnaval paulistano, a escola promete encantar e festejar os 7 milhões de Josés do Brasil.

Na sequência, a Unidos do Peruche vai celebrar Salvador. O carnavalesco Murilo Lobo promete temperar a passagem pela avenida com tons típicos de costumes, religiosidade, música e lendas. Salvador e a Bahia ainda vão voltar ao Anhembi no samba-enredo da Vai-Vai, comandada por um presidente soteropolitano, Darli Silva. Ele trará a principal homenagem da noite, à Mãe Menininha do Gantois - ialorixá do Brasil.

Nascida Maria Escolástica da Conceição Nazaré e morta em 1996, ela assumiu o mais famoso terreiro baiano em 1922, viu a perseguição ao candomblé ter altos e baixos e abriu Gantois a brancos e católicos. Nunca deixou de ir às missas e chegou a convencer os padres a deixarem as mulheres frequentarem as celebrações com trajes típicos.

Vale aqui ainda uma lembrança carnavalesca: ela já foi tema de enredo da Mocidade Independente de Padre Miguel, em 1976, com samba interpretado por Elza Soares. Quatro ano antes já havia sido imortalizada em música de de Dorival Caymmi: "A beleza do mundo, hein/ Tá no Gantois/ E a mãe da doçura, hein/ Tá no Gantois...".

‘Asa Branca’

Falando em música, o Nordeste ainda pedirá passagem na madrugada para uma pausa no samba para que todos possam lembrar uma das mais famosas composições brasileiras: Asa Branca, trazida pela Dragões da Real.

Há 70 anos, em 3 de março de 1947, Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira compuseram aquela que para muitos é o hino do baião. O "forrozear" da agremiação promete fazer muito nordestino chorar de saudade na avenida ao lembrar do rei do baião: "Eu te asseguro/ Não chore não, viu/ Que eu voltarei, viu/ Meu coração".

A Vai-Vai, com sua ambientação de Salvador, assume logo depois, às 2h50. E será seguida por outra agremiação que escolheu uma cidade a homenagear: a Nenê celebrará Curitiba com "A ópera de todos os povos". Seu tributo destacará, como era de se esperar, virtudes da capital no urbanismo, na cultura e na sustentabilidade.

Campeã e banquete final

A atual campeã, a Império de Casa Verde, será vista um pouco mais cedo, por volta da 1 hora. E sua aposta não será tanto no amor, mas na paz, em sua busca pelo bicampeonato - após uma "seca" de mais de uma década.

O carnavalesco Jorge Freitas considera que nos últimos três anos sobrou crise e faltou paz aos brasileiros. Lembrando que o samba avançou com os escravos, em um tempo de sofrimento e dor, ele procurará levar a avenida o conceito de que sambar também pode ser sinônimo de pacificar.

Por fim, para pacificar os ânimos e fechar o carnaval de avenida paulistano, a Rosas de Ouro promete levar um banquete festivo ao Anhembi já no amanhecer. Convidando a família para sentar à mesa, prática milenar, a agremiação promete servir de fruto a colher, no calor do braseiro, com direito a citação: "Nosso pão de cada dia/ Com uma pitada de amor/ Para a miséria acabar/ Somos irmãos, em comunhão". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.