Cientistas e autoridades da Europa advertem contra plano climático dos EUA
O presidente americano, Donald Trump, assinou nesta terça-feira um decreto que retira regulações do governo de seu antecessor, Barack Obama, no setor ambiental, entre elas as que restringem emissões de gases causadores do efeito estufa em usinas de produção de energia a carvão. As regulações são uma parte crucial da contribuição dos EUA para o cumprimento das metas globais fechadas no Acordo de Paris, há dois anos.
Climatologista da Universidade de Berna, na Suíça, Thomas Stocker disse que o plano de Trump iria prejudicar os EUA no longo prazo. "Se 'América em Primeiro Lugar' [slogan de Trump] significa que você quer liderar, então não pode voltar o relógio para trás e confiar em uma tecnologia de um século atrás", afirmou o pesquisador.
Stocker, ex-copresidente do painel da Organização das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, lembrou que o governo Obama foi a principal força para a conclusão do acordo de Paris em 2015. "Eles estão desistindo daquela posição de liderança e eu suspeito que isso será tomado por outros países competitivos", comentou, citando como exemplo a China.
A avaliação foi similar à de Myles R. Allen, climatologista da Universidade Oxford. "Caso a China veja que os EUA têm visão curta, isso pode ser uma chance de assumir a liderança no clima", disse. Allen afirmou que o plano de Trump mina um mecanismo crucial pelo qual o governo americano buscava mitigar o aquecimento global.
Pelas regulações dos EUA, autoridades calculam o "custo social" das emissões de carbono, em vez de comparar isso com o custo de cumprir as regulações voltadas para conter as emissões de gases causadores do efeito estufa. A redução drástica no custo estimado do carbono, como indicou o governo Trump, iria aumentar o lucro de quem gera petróleo, carvão e gás no país.
Allen disse que isso poderia também enviar um sinal para países em desenvolvimento, como Indonésia e Bangladesh, de que os combustíveis fósseis são uma opção viável nas próximas décadas. Segundo ele, isso certamente trará impacto para os esforços para controlar a mudança global.
A ministra do Meio Ambiente da Alemanha, Barbara Hendricks, afirmou que seu país, que almeja obter a maior parte de sua energia de fontes renováveis até 2050, nota que as ambições políticas sobre a mudança climática são de interesse do próprio país de Trump. Segundo a ministra, a promoção de energia renovável e da eficiência energética já gera muitos empregos pelo mundo.
A diretora-executiva do Greenpeace Alemanha, Sweelin Heuss, afirmou que o plano de Trump é "uma má notícia, mas não o fim do Acordo de Paris". Ela pediu que a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, se posicione contra o plano e enfatize o compromisso europeu com o combate às mudanças climáticas. Fonte: Associated Press.
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