Roubo de fios apaga semáforos em SP
Como resultado, o entregador ficou com escoriações no calcanhar e a parte traseira de sua bicicleta foi danificada. Moradores e frequentadores apontam, contudo, que esse tipo de incidente não é novidade na região, especialmente nos últimos cinco meses. "Dirijo por aqui com o máximo de atenção possível. Só não aconteceu nada muito grave por sorte", diz o comerciante Genival José dos Santos, de 43 anos, que tem uma lanchonete na Rio Branco.
Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), as falhas no funcionamento dos semáforos são consequência do vandalismo e do furto de cabos de energia. Um agente de trânsito afirmou ao Estado que um semáforo da Avenida Rudge, próximo da Rua James Holland, foi consertado na Sexta-Feira Santa e, no dia seguinte, já estava novamente sem os fios.
A gerente de loja Ilda Torres, de 39 anos, não considera o furto de cabos, que costuma acontecer nas madrugadas, o único motivo para a situação. "O poder público tem responsabilidade de gerir essa região adequadamente, mas ela está abandonada. Não é só porque a Cracolândia é perto daqui que pode ficar assim", diz a moradora, que vive na região há 15 anos.
Com o não funcionamento dos semáforos, os motoristas que trafegam nas Ruas Coronel Osório, Vitória e dos Gusmões não podem mais atravessar a Rio Branco perpendicularmente. Mesmo assim, alguns ignoraram os cones e atravessam, especialmente os motociclistas, que chegam a dirigir pela travessia de pedestres para ir de um sentido a outro da avenida.
"Já vi até gente descer do carro, tirar o cone, entrar de novo e passar pelo cruzamento", relata a gerente. "É um absurdo. É triste ver um lugar que a gente gosta abandonado desse jeito, desvalorizado", afirma ela, que quase se machucou ao andar de skate pela avenida com a filha, de 14 anos, no fim de semana. "Quase bati em um poste. É muita coisa para cuidar. Você fica olhando para todos os lados ao mesmo tempo", relata.
No centro há 60 anos, a aposentada Júlia da Silva, de 80 anos, diz que sequer anda pela região no período noturno, por medo de ser assaltada. Moradora de um apartamento a cerca de duas quadras da Rio Branco, ela diz que, para conseguir atravessar a avenida, é necessário "observar o trânsito e ir se enfiando quando abrir a primeira brecha". "O que a gente vai fazer? O semáforo aqui mais fica desligado do que funciona. Mas a gente tem de ir no mercado, na feira, não dá para ficar trancada dentro de casa."
Histórico
Dos sete semáforos desligados, quatro tinham a presença de agentes de trânsito orientando pedestres na manhã de ontem. De acordo com a CET, nos três primeiros meses de 2017 foram registrados mais de 268 casos de furtos de cabos semafóricos na cidade, somando 12 quilômetros de fios, o que representa uma alta de 54% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Em 2016, o número total foi de 40 quilômetros, o que causou prejuízo de R$ 500 mil. A companhia aponta que o furto dos fios de um único cruzamento pode afetar até seis semáforos.
Além disso, a CET diz que o contrato de manutenção dos equipamentos estava vencido desde dezembro. "O edital de licitação foi publicado em 23 de março. Trata-se de um avanço perto do contrato passado, que previa implementação e manutenção de apenas 1.500 aparelhos (há 6.387 na capital)", informou a CET em nota.
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