Procuradoria do Rio aposta em protesto de títulos para recuperar dívida ativa
Segundo Espíndola, a decisão do STF vai estabilizar o uso dos protestos. Se o governo conseguir recuperar 5% do valor, ou R$ 140 milhões, já será bom, disse o procurador-geral.
"Não dá para acreditar na ficção de que vamos conseguir todo o valor protestado, mas se conseguirmos atingir 5% desse montante, já seria um grande avanço", afirmou Espíndola.
O Rio é o segundo melhor Estado, conforme dados do Tesouro Nacional, em recuperação da dívida ativa, disse o procurador-geral. Ainda assim, recupera apenas 1,2% da dívida. Espíndola lembrou que, mesmo no caso da União, cuja dívida ativa soma cerca de R$ 2 trilhões, o índice de recuperação fica abaixo de 1%.
"Nossa experiência demonstra que os protestos são muito mais eficazes do que a execução fiscal ordinária", afirmou Espíndola.
A execução fiscal implica na entrada de um processo, daí o juiz precisa se manifestar, em seguida o contribuinte pode contestar e a ação de arrasta. No caso do protesto de título nos cartórios, a pessoa física ou jurídica fica com o nome sujo nos sistemas de avaliação de crédito, o que favorece a negociação de acordo.
A Procuradoria-Geral do Estado do Rio está apostando nos protestos. Entre 2009 e janeiro deste ano, foram 50 mil certidões de dívida ativa, somando os mesmos R$ 2,8 bilhões protestados em maio.
A dívida ativa do Rio está hoje em R$ 77 bilhões. Segundo Espíndola, não é possível recuperar tudo, principalmente porque alguns dos maiores devedores já faliram ou encerraram atividades. É o caso da companhia aérea Varig (R$ 1,1 bilhão), da rede de supermercados Paes Mendonça (R$ 990 milhões), da Arrows Petróleo (R$ 1,6 bilhão), cuja inscrição estadual foi cassada por operação fraudulenta, e da loja de departamentos Mesbla (R$ 626 milhões). As duas maiores devedoras são a Petrobras (R$ 7,5 bilhões) e CSN (R$ 1,7 bilhão).
"Dívida ativa não é a panaceia, a solução para todos os nossos problemas, mas a gente tem que estar engajado e imbuído de instrumentos para melhorar a qualidade e a eficácia da recuperação. A gente não pode estar contente com esses índices porque realmente são muito baixos", afirmou Espíndola.
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