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FHC sobre Alckmin e Doria: é cedo para saber quem teria mais chances em 2018

Nelson Antoine/ FramePhoto/ Estadão Conteúdo
Imagem: Nelson Antoine/ FramePhoto/ Estadão Conteúdo

Roberta Pennafort

No Rio

17/08/2017 14h22

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse nesta quinta-feira (17) que vai apoiar em 2018 o candidato que "conseguir falar com o Brasil", e não só com São Paulo. Ele também afirmou ser cedo para definir qual tucano teria mais chances de chegar à Presidência da República: o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ou o prefeito da capital paulista, João Doria.

"Qual dos dois? Vou ver o que vai acontecer com a sociedade. Para um paulista é muito difícil ser nacional, porque São Paulo tem especificidades. O candidato tem que falar com o Brasil, não adianta ser só a sua turma. Tem que expressar a contemporaneidade e ser ético. Os partidos vão procurar quem tem mais possibilidade de ganhar", avaliou o ex-presidente da República.

FHC falou a empresários de diferentes setores num almoço na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ). Ao falar da reforma política e fazer uma análise da conjuntura brasileira por 43 minutos, foi aplaudido em diversos momentos. Ao chegar, o presidente de honra do PSDB foi saudado pela presidente da ACRJ, Ângela Costa, como símbolo do "Brasil que deu certo".

Respondendo a perguntas da plateia, ele foi questionado: "O PSDB morreu?" FHC disse: "[Sim], na medida em que os outros partidos também acabaram. A crise é geral, o que não significa que os partidos vão desaparecer. Na próxima eleição eles estarão aí. O PSDB tem possibilidades. É preciso ver que ideias o PSDB vai ter e que pessoas vão incorporar isso. Se eu puder ajudar, ajudo. Vou pensar primeiro no Brasil."

Reforma política

FHC disse que as mudanças no sistema eleitoral do país deveriam começar nos municípios, que serviriam como um laboratório. "Por que não começar com os vereadores, onde é mais natural que se 'distritalize'?", argumentou ao comentar a discussão sobre o "distritão", uma das propostas em tramitação no Congresso.

"Mais do que fazer a reforma política, é preciso mudar a cultura política no Brasil", afirmou. "Na Constituinte de 1988, nossa obsessão era a liberdade. Demos aos partidos liberdade plena. Mas pouco a pouco os partidos foram ficando corporativos. Os partidos viraram lobbies. Não são todos, alguns existem como partido, expressam uma posição na sociedade, tomam partido. Mas em geral não querem tomar partido, para ter voto de todo mundo."

FHC disse que a sociedade não se sente representada, e, por isso, não aceita o fundo de financiamento público de campanhas em discussão no Congresso (ao qual seria destinado 0,5% da receita corrente líquida do ano anterior às eleições).

"A sociedade tomou conhecimento que isso funciona assim, e não se sente representada, porque não está. Mas aí na hora de votar vota nos mesmos. Tem que mudar as instituições e a cultura. É uma luta que está presente neste momento. Está sendo discutido o volume do fundo que vai manter os partidos. A população não aceita isso."

Pelo modelo do distritão, eleitores votarão apenas em candidatos a deputados e vereadores, sem a possibilidade de votar nos partidos, e deixa de haver o quociente eleitoral; assim, só os mais votados se elegem. Uma crítica ao sistema é de que candidatos mais conhecidos do eleitorado e com mais recursos acabarão sendo privilegiados, em detrimento de novatos.

Agora, para tentar cooptar apoios, parlamentares falam num modelo "distritão misto", ou "semidistritão", que combina o voto majoritário com o voto no partido. Funcionaria assim: os eleitores poderiam escolher um candidato e um partido, e os votos nas legendas seriam distribuídos proporcionalmente aos seus candidatos. As novas regras só valerão para o pleito de 2018 caso sejam aprovadas por deputados e senadores até o dia 7 de outubro.