Topo

Denúncia é 'posicionamento de procurador em final de carreira', diz defesa

Julia Lindner e Rafael Moraes Moura

Brasília

25/08/2017 17h36

A defesa do senador Romero Jucá (PMDB-RR) e do ex-presidente da República José Sarney afirmou que a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal (STF) por supostas propinas oriundas de contratos da Transpetro representa o "posicionamento de um procurador em final de carreira que quer se posicionar frente à opinião pública", referindo-se ao procurador-geral, Rodrigo Janot.

Além de Jucá e Sarney, Janot ofereceu denúncia contra os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Garibaldi Alves (PMDB-RN) e Valdir Raupp (PMDB-RO). Também foram denunciados o delator da Odebrecht Fernando Luiz Soares da Cunha Santos Reis e o ex-diretor da Transpetro Sérgio Machado.

À reportagem, o advogado de Sarney e Jucá, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que a denúncia é baseada na delação premiada "já desmoralizada" do ex-senador e ex-presidente da Transpetro Sergio Machado. No ano passado, Machado entregou à PGR dezenas de gravações com aliados que faziam parte do seu acordo de colaboração.

Kakay lembrou o relatório entregue em julho ao STF pela delegada Graziela Machado da Costa e Silva, da Polícia Federal (PF), que concluiu que a delação de Machado não foi eficaz e que ele não é merecedor dos benefícios concedidos. A avaliação foi feita em relatório no qual a delegada entendeu que os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-presidente José Sarney (PMDB) não cometeram o crime de obstrução à Justiça.

"Não existe nenhum motivo para fazer essa denúncia tecnicamente falando, o que existe é a palavra de um delator desmoralizado, um delator que, ele sim, talvez tenha cometido crime ao gravar ilegalmente e de forma imoral o senador Sarney e o senador Jucá. Então, eu credito isso mais a uma despedida do doutor Rodrigo Janot, que durante boa parte do seu tempo de mandato não denunciou praticamente ninguém", disse Kakay.

Ele completou afirmando que imagina que Janot vai denunciar todos os inquéritos até o final do seu mandato, que termina em cerca de duas semanas, "tendo ou não qualquer tipo de indício para isso".

A assessoria de imprensa de Calheiros também avaliou que a denúncia é "política". "Seu teor já foi criticado pela Polícia Federal, que sugere a retirada dos benefícios desse réu confesso porque ele acusa sem provas. Estou certo de que todos os inquéritos gerados da denúncia desse delator mentiroso serão arquivados por falta de provas", diz o texto do peemedebista.

Procurada, a assessoria de imprensa de Valdir Raupp afirmou que ele "jamais tratou sobre doações de campanha eleitorais junto a diretores da Transpetro ou quaisquer outras pessoas até porque não foi candidato a nenhum cargo eletivo nas eleições de 2012 e 2014". "Essas citações feitas por delatores envolvendo o seu nome e a Transpetro são inverídicas e descabidas", afirma a nota de Raupp.

A defesa de Sérgio Machado informou que o ex-presidente da Transpetro vai continuar ajudando na produção de provas e que o oferecimento de uma denúncia mostra que a sua delação foi eficaz. Até a publicação deste texto, a reportagem não havia obtido resposta da Odebrecht e do senador Garibaldi.