Temer dividiu propina da Odebrecht com Geddel, diz Funaro em delação
O corretor Lúcio Funaro disse em sua delação premiada que o presidente da República, Michel Temer (PMDB), dividiu com Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), ex-homem forte de seu governo, propina da Odebrecht. Nos anexos de sua colaboração, já homologada pelo Supremo Tribunal Federal, ele afirmou ter buscado R$ 1 milhão em espécie, supostamente pagos pela empreiteira, no escritório do advogado e ex-deputado José Yunes, amigo de Temer. Relatou também ter mandado a quantia para Geddel, na Bahia.
Parte desse valor teria sido distribuída por meio de Yunes, apontado como um dos "operadores" do presidente. À Procuradoria-Geral da República (PGR), Yunes já disse ter sido usado como "mula" de Padilha para a entrega de um pacote.
Conforme Funaro, dirigentes da Odebrecht usaram o doleiro Álvaro Novis para fazer com que os valores destinados a Temer chegassem a Yunes. Ele contou que, na ocasião, recebeu um telefonema de Geddel pedindo que retirasse R$ 1 milhão, a ser entregue em Salvador.
Geddel "informou que o dinheiro que iria retirar com José Yunes era referente a uma doação via caixa dois da Odebrecht, acertada juntamente (com) Eliseu Padilha e Michel Temer", diz trecho do anexo intitulado "Intermediação de Pagamentos de Propinas para Interpostos do Presidente", obtido pelo jornal "O Estado de S. Paulo".
"Estes valores eram de Michel Temer, o qual estava enviando uma parte do dinheiro arrecadado para Geddel", continua o documento.
Foi Geddel, segundo Funaro, quem lhe passou o telefone de Yunes. A retirada, segundo ele, foi feita no escritório do advogado no Itaim Bibi, em São Paulo. No local, após uma conversa com Yunes, na qual teriam trocado cartões, uma caixa com a quantia acertada teria sido repassada pela secretária e o motorista do amigo de Temer.
Funaro, então, disse que retornou com os valores até o seu escritório e pediu para que um funcionário fosse até a Bahia levar a encomenda para Geddel. "O dinheiro foi entregue em Salvador por um funcionário de logística de transporte de valores do doleiro Tony, o qual retirou os valores em São Paulo e, no dia seguinte, fez a entrega na sede do PMDB da Bahia", registra o anexo.
Um dos políticos mais próximos de Temer, Geddel chefiava a Secretaria de Governo até novembro do ano passado, quando pediu demissão por ter, supostamente, tentado influenciar o Ministério da Cultura a lhe conceder uma decisão favorável. Ele está preso em Brasília desde a semana passada, depois que a Polícia Federal descobriu que escondia R$ 51 milhões em notas num apartamento da capital baiana.
O jornal "O Estado de S. Paulo" procurou o Palácio do Planalto, que ainda não se manifestou. A defesa de Geddel disse que não se manifestaria, pois não teve acesso aos anexos. José Yunes ainda não foi localizado pela reportagem.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.