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Pezão diz desconhecer invasões de residências na Rocinha

Roberta Pennafort

Rio, 24

24/09/2017 14h42

O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), disse neste domingo, 24, que desconhece informações sobre invasões de residência de moradores da Rocinha, favela ocupada pela polícia e as Forças Armadas desde que foi invadida por traficantes que disputam o controle da venda de drogas. Nas redes sociais, foram compartilhadas fotos de portas arrombadas e casas reviradas e relatos de agressões gratuitas, verbais e físicas, além de roubo de pertences pessoais, como celulares e pares de tênis. As ações são atribuídas a agentes de segurança.

"Eu não tenho informação sobre isso. Estou em contato permanente com muitos moradores que conheço da Rocinha. A PM, com o Batalhão de Choque, o Batalhão de Operações Especiais, o Batalhão de Cães, fica o tempo que for necessário para continuarmos com as apreensões de drogas e fuzis e levar paz àquela comunidade. Ainda tem muita informação que chega ao setor de inteligência", declarou.

Ele participou do lançamento, no Rock in Rio, do calendário de eventos "Rio de Janeiro a janeiro", que tem como objetivo turbinar o turismo no Estado e principalmente na capital, gerar emprego e renda e dar mais chances aos jovens de comunidades pobres. Seu sucesso pressupõe uma solução para a área de segurança, que viveu relativa melhora entre 2008 e 2012, com o sucesso inicial do programa das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) e vem dramática nos últimos dois anos.

Pezão disse que mandará nos próximos dias à Assembleia Legislativa do Rio a proposta que cria um fundo para o setor, com recursos dos royalties do petróleo extraído no Estado, num patamar de 5%. "Dos 10% que vão para o ambiental, vamos tirar 5% e colocar na segurança pública. Vamos melhorar as polícias Militar e Civil. Ano que vem serão R$ 197 milhões, mantendo a produção como está, e a produção do pré-sal vai crescer. Esse fundo de segurança permite ainda que a iniciativa privada invista em segurança e abata em impostos", explicou o governador.

Ainda sobre a Rocinha, ele negou que tenha demorado a pedir auxílio ao governo federal para conter a situação. A guerra de traficantes estourou no domingo passado, a despeito da presença de uma UPP na favela. Um bando rival atacou o que vinha dominando a venda de drogas e explorando moradores com taxações de serviços como o fornecimento de botijão de gás e de galões de água. Houve tiroteios intermitentes ao longo da semana, o que deixou a população do morro apavorada e presa em casa, sem poder se deslocar para o trabalho.

Pezão disse que o Exército auxilia no controle da entrada de bandidos pela parte baixa da Rocinha, liberando a polícia para se manter dentro da favela. A reportagem passou nesta manhã pela comunidade e se deparou com grande quantidade de veículos e homens das Forças Armadas. O fluxo de pessoas nas ruas está menor do que o de um domingo qualquer, quando crianças brincam nas ruas e pessoas andam pelas ruas o tempo todo.

"Não é de uma hora para a outra que eles (Forças Armadas) entram. Excepcionalmente entraram na sexta-feira, quando tivemos um recrudescimento (da violência). Pedimos às 9h30 e às 15h30 já estavam disponibilizados quase mil homens e tanques. A gente está fazendo isso com muita integração e trabalho e cada vez vamos fazer com mais aprimoramento. Ontem à noite o presidente Michel Temer reiterava que vai permanecer com as forças militares aqui no Rio até o fim de 2018", afirmou o governador.

Segundo Pezão, com o Plano de Recuperação Fiscal assinado com o governo federal, será possível voltar a pagar o adicional por serviços na folga dos policiais, o que deve resultar em mais "dois mil ou três mil" agentes a mais. Ele rechaçou a tese de que as UPPs tenham falhado, e assegurou que o programa continuará a receber investimentos.