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Comércio reabre na Rocinha, mas escolas fecham nesta segunda-feira

Marcio Dolzan, Denise Luna, Roberta Pennafort e Roberta Jansen

Rio

25/09/2017 09h37

Após uma semana marcada por confrontos entre traficantes e pela ocupação por tropas e da Polícia Militar desde sexta-feira, 22, a Rocinha, na zona sul do Rio, viveu neste domingo, 24, um dia menos violento. O clima de aparente tranquilidade foi quebrado por um rápido tiroteio no fim da tarde. Lanchonetes e bares reabriram e mais moradores foram às ruas. Mas, por segurança, pelo menos oito escolas públicas e particulares da região não terão aulas nesta segunda-feira, 25.

Nas redes sociais, foram compartilhadas fotos de casas que teriam sido invadidas ilegalmente por PMs na Rocinha. São imagens de portas arrombadas e casas reviradas, com relatos de supostas agressões verbais e físicas contra moradores. Também há denúncias de roubo de pertences pessoais, como celulares e pares de tênis.

A 11ª DP informou não ter registrado ocorrências do tipo e não foi possível confirmar se há investigação. O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), disse desconhecer informações sobre essas invasões. "Estou em contato permanente com muitos moradores que conheço da Rocinha", afirmou. Segundo ele, a PM "fica o tempo que for necessário para continuarmos com as apreensões de drogas e fuzis e levar paz àquela comunidade."

Mais cedo, um suspeito foi preso e houve apreensões de drogas e de um fuzil. A véspera, contudo, houve vários confrontos por outros pontos da cidade - três mortos, nove presos e pelo menos 18 fuzis apreendidos.

A madrugada deste domingo foi a mais calma na favela desde o domingo anterior (17). Nesse dia, criminosos ligados a Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, em um presídio federal de Rondônia, atacaram bandidos chefiados por Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, chefe do tráfico no morro. Ex-comparsas do mesmo bando, ligado à facção Amigo dos Amigos (ADA), os dois se desentenderam.

Os seguidores de Nem arregimentaram cúmplices em outras favelas. A polícia investiga se 157 tem apoio de outra facção, o Comando Vermelho, prestado a partir de favelas da Tijuca, na zona norte.

O preso deste domingo, conduzido sob escolta à 11.ª DP (Rocinha) à tarde, era Emanuel Bezerra de Araújo, de 19 anos, conhecido como Maicon ou Playboy. Ele estava em casa e não ofereceu resistência. Os policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha o localizaram após denúncia. Bezerra é apontado como integrante do grupo de Rogério 157.

O fuzil foi achado na mata atrás da comunidade, em cima da garagem de uma empresa de ônibus, por policiais da UPP do local e do batalhão do Leblon.

Segundo a TV Globo, policiais encontraram no sábado, 23, a casa onde chegou a se esconder 157, mas ele já não estava mais no local.

Escolas

Por segurança, ao menos oito escolas, entre públicas e privadas, na região da Rocinha não funcionam nesta segunda por causado risco de confrontos. Cinco escolas, duas creches e um Espaço de Desenvolvimento infantil estão fechadas, deixando sem aulas cerca de 2,5 mil alunos.

Instituições privadas de ensino nos arredores da comunidade, como Teresiano, Escola Parque e Escola Americana, na Gávea, já avisaram que não vão funcionar nesta segunda. A Escola Americana já anunciou que as aulas estão suspensas até Quarta-feira (27).

Fundo

Pezão participou do lançamento, no Rock in Rio, do calendário de eventos "Rio de Janeiro a Janeiro", para estimular o turismo, que tem sofrido com a crise de insegurança.

Ele também anunciou que proporá a criação de um Fundo de Segurança, com recursos da arrecadação de royalties do pré-sal. A proposta será enviada esta semana ao Legislativo.

"Dos 10% que vão para o Fundo de Conservação Ambiental, vamos repassar 5% para a segurança pública e garantir a integração com a prefeitura nas operações Segurança Presente e a melhora das condições de trabalho das polícias Militar e Civil." O fundo deverá ter R$ 197 milhões para o setor. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.