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Brasileiro não pode errar nas próximas eleições, diz Lohbauer

Célia Froufe, correspondente

Londres

24/03/2018 14h29

As próximas eleições de outubro são as mais importantes para o País e os brasileiros não podem mais errar na hora do voto para não empobrecerem. Essa é a avaliação do cientista político filiado ao Partido Novo, Christian Lohbauer. Ele fez a afirmação neste sábado, 24, durante o debate Fórum Brasil Espanha, na Esade Business School de Barcelona, da qual também participaram o pré-candidato Ciro Gomes (PDT) e o ex-ministro do governo Dilma Rousseff e advogado da petista no processo de impeachment, José Eduardo Cardozo (PT).

Lohbauer defendeu a realização de uma "profunda" reforma tributária pelo próximo presidente, mas anteviu que os primeiros seis meses de governo "serão difíceis". Para ele, o processo brasileiro de desenvolvimento está falindo e é preciso abandonar o modelo econômico trilhado pelo País por mais de 60 anos, mas que não se aplica ao Brasil. "Nossa ambição (a do Partido Novo) é construir um bancada no Congresso para iniciar o processo de transformação que estamos querendo. A gente quer mudar o mundo e a gente vai mudar o mundo. A sociedade brasileira está viva", afirmou.

A ideia, de acordo com o cientista, é tentar criar uma bancada que vote de forma uníssona em referente aos diferentes temas que passarem pelo Parlamento. "É preciso ter uma votação única. Hoje, é difícil encontrar um partido que tenha minimamente uma votação coesa", disse, acrescentando que a única maneira de transformar o modelo por meio de uma modificação "por dentro".

Lohbauer também dirigiu a palavra aos petistas que criticam o trabalho do presidente Michel Temer. "O presidente era vice da Dilma. As coisas não estão separadas, uma coisa vem da outra", argumentou, sendo rebatido na sequência por Cardozo. Para o advogado, quando os eleitores escolheram Dilma, votaram em uma ideia de atuação, esperavam uma coesão e uma só linha de administração do País. "Mas o vice-presidente articulou claramente esse golpe. Ingenuidade? Talvez", comentou.

Em relação à chegada de novos membros ao cenário político brasileiro em função da decepção dos eleitores, o cientista disse que prevê uma mudança acima da média do quadro no Congresso, de cerca de 60%, em função da "indignação geral da nação". "Mas pode ser pior (a mudança). A qualidade da renovação política vai ser mais baixa", admitiu. Ele também se disse contra ao fim da doação de recursos por empresas. "Isso é muito ruim. Devia vir de forma transparente", defendeu.

Instigado por um participante do publico a explicar porque qualificou Ciro Gomes como um populista, ao lado de outros nomes, como o de Jair Bolsonaro, em uma entrevista recente, ele contou que quando começou a se interessar pelo tema, na adolescência, o agora pré-candidato do PDT teria o voto dele para "qualquer coisa". "De lá pra cá, o Ciro mudou. Não é mais aquele homem que eu imaginava que ele era: seus comportamentos me decepcionaram, se destemperou em algumas situações. Temo que se o Brasil for governado pelo Ciro possa ver a inflação de volta", previu, argumentando que isso poderia ocorrer porque o candidato do PDT tentaria compor com as forças políticas já existente.

Lohbauer continuou dizendo que o Ciro seria o expoente da manutenção de "um Estado que não entrega". "O PDT é um partido sem importância", avaliou. Neste momento, Cardozo disse ter divergências com Gomes, mas afirmou que ele honrou os trabalhos de ministro da Fazenda e deputado, e enfatizou que o PDT tem uma importância histórica para o País. "Como o PT não tem nenhuma chance, tem que trazer o apoio do Ciro. É legítimo", contrapôs o filiado do Novo, sendo novamente rebatido por Cardozo: "O PT vai ter seu candidato e acho que vamos ganhar com Lula. De qualquer forma, acho que o Ciro é um candidato qualificado."

O cientista, que também teve um embate com o pré-candidato do PDT em função de discordância de números, afirmou que não houve presidente na história com a maior capacidade de fazer reformas do que o Lula. "Não fez porque não acreditava."

Depois que Cardozo citou mudanças promovidas durante o governo Lula, Lohbauer afirmou que não houve uma reforma, mas um "puxadinho" atrás do outro. Para ele, a mudança é necessária não por uma questão social, mas em função da "matemática". Caso o Brasil não promova uma reforma, está fadado a sofrer, de acordo com o cientista, como os gregos sofreram no passado. Ciro Gomes, então, questionou qual seria a proposta firme do Novo para a Previdência. "Você tem uma? Porque eu tenho."