Interdições de rodovias paulistas por deslizamento aumentam 80% este ano
A Mogi-Bertioga (SP-98), que liga a Região Metropolitana de São Paulo ao litoral norte, é a recordista, com oito interdições totais. A via continua fechada em decorrência do último deslizamento, há uma semana. O Ministério Público de São Paulo abriu inquérito civil para apurar a sequência de bloqueios.
No total, neste ano, 17 rodovias tiveram o tráfego interrompido em decorrência de causas naturais, sendo dez administradas pelo DER, seis concedidas pelo Estado e uma federal (mais informações nesta pág.). No ano passado haviam sido 16.
Entre as rodovias atingidas pelos bloqueios estão algumas das mais importantes do Estado, como a Dr. Manoel Hyppólito Rego (SP-55), a Rio-Santos, interditada três vezes; a Anchieta, principal acesso à Baixada Santista, duas vezes; e a Régis Bittencourt (BR-116), que liga São Paulo a Curitiba, também duas vezes. Em geral, as rodovias mais afetadas são as que levam ao litoral, que transpõem trechos de serra, cobertos de mata, mais sujeitos à instabilidade do solo.
Em 7 de janeiro, um deslizamento de rochas bloqueou a Rodovia Régis Bittencourt (BR-116), no km 402,8, em Miracatu, obrigando o caminhoneiro catarinense Vidal Deola, de 56 anos, a esperar durante quatro horas. "A pista estava interditada para a explosão das pedras que bloqueavam o asfalto. Peguei uma fila enorme", lembra. Deola seguia de Curitibanos (SC) para São Paulo e conta que havia outros escorregamentos menores no trecho paulista da Régis. "Tinha chovido bastante e a estrada tem muitas encostas."
Para o diretor de serviço técnico do DER, Deni Loretti Filho, o aumento no número de interdições tem a ver com o índice maior de chuvas, este ano, na região da Serra do Mar, onde aconteceu a maioria dos casos. "Dados da Defesa Civil de Bertioga indicam que, entre janeiro e março, foi registrado índice pluviométrico superior a 600 milímetros, mais que o dobro do aguardado", disse.
Segundo ele, o solo da região da Serra do Mar é formado por taludes altos, com pedras fragmentadas que permanecem nas encostas protegidas por vegetação e terra. O peso das rochas faz com que elas deslizem quando o solo está muito molhado. "O excesso de chuvas também fez surgirem nascentes, tornando o solo ainda mais instável", afirma.
Na Anchieta, a Artesp também credita os bloqueios à influência do fator climático. Em 48 horas foram registrados 222 mm de chuvas no trecho de serra e 380 mm na Baixada Santista, volume maior do que se esperava para todo o mês de abril.
Prevenção
Para a presidente da Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Construção Civil (Abratec), a engenheira civil Paula Baillot, embora as encostas da Serra do Mar sejam uma região crítica para rodovias, os deslizamentos podem ser evitados. "Esses escorregamentos têm causas naturais, ligadas às chuvas e à declividade das encostas, e também causas não naturais, como efeitos da poluição e desmatamentos. Nesses casos, uma forma de evitar essas quedas de barreira seria o mapeamento geológico das encostas, formando um banco de dados geotécnicos, possibilitando intervenções para contenção antes do desmatamento ocorrer", disse.
Os bloqueios
Dezessete rodovias sofreram interdição total ao menos uma vez:
Federal: Régis Bittencourt (BR-116).
Estaduais concedidas: Rodovia Anchieta (SP-150), Anhanguera (SP-330), Tamoios (SP-099), Antônio Romano Schincariol (SP-127), Doutor Paulo Lauro (SP-215) e Marechal Rondon (SP-300).
DER: Rodovia Nequinho Fogaça (SP-139), em Sete Barras; Péricles Bellini (SP-461), em Votuporanga; Via de Acesso Vereador José Pinto de Souza (SPA-043/125), em São Luiz do Paraitinga; Miguel Gantus (SP-383), em Herculândia; João Roman (SPA-042/125); Dr. Manoel Hyppólito Rego (SP-055), em São Sebastião e Ubatuba; Dom Paulo Rolim Loureiro (SP-098), em Bertioga; dos Tropeiros (SP-068), em Areias; Francisca Mendes Ribeiro (SP-221), em São José do Barreiro; e Estrada de Juquitiba (SP-057), em Juquitiba.
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