Canudo preso em tartaruga expôs problema de lixo no litoral do Rio
Roberta Jansen
Rio
30/04/2018 08h30
Estima-se que somente os americanos usem - e descartem - 500 milhões de canudos plásticos por dia. Cada um leva pelo menos 500 anos para se decompor na natureza. No EUA, várias cadeias de fast-food anunciaram o banimento dos canudos. O Brasil não dispõe de estatística semelhante, mas especialistas relatam que o uso também é bem alto por aqui.
Estudo feito este ano pela Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) na praia de Copacabana revelou uma grande quantidade de canudos plásticos descartados na areia. A análise foi feita com o lixo coletado entre os Postos 5 e 6, num trecho de um quilômetro da praia, no dia 3 de março.
O trabalho revelou que o plástico foi o componente de maior incidência (24,5%) do lixo praiano. Lá estavam garrafas PET, copos de guaraná natural e mate e, para surpresa dos pesquisadores, os canudos. Eles eram 8,9% do total de plástico ou 3% de todo o lixo retirado no trecho.
"Infelizmente, a gente ainda não percebe uma mudança significativa do comportamento da população na praia", constatou o presidente da Comlurb, Tarquímio de Almeida, que trabalha há 40 anos na companhia. "A única alteração que vemos é o aumento da quantidade de lixo nos meses mais quentes e uma redução nos mais frios."
O estudo feito na praia de Copacabana revelou ainda outro dado preocupante. Do total de plástico retirado das areias, 4,15% eram pequenas embalagens plásticas, conhecidas como pinos, usadas para embalar cocaína. Segundo especialistas, um indicativo claro de que a praia vem sendo usada como refúgio para o uso da droga.
"Foram mais de 200 encontradas em apenas um quilômetro de praia", revelou a gerente do Centro de Pesquisas da Comlurb, Bianca Quintaes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.