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Rio: secretário elogia atuação das Forças na greve; tráfico toma estações do BRT

Fábio Grellet e Roberta Jansen

Rio

30/05/2018 08h49

Durante evento do Observatório Militar da Praia Vermelha sobre os cem dias da intervenção federal no Rio de Janeiro, o secretário de Segurança, Richard Nunes, elogiou a atuação das forças de segurança durante a paralisação dos caminhoneiros.

O secretário reconheceu, no entanto, "que não há solução mágica" para a situação do Rio. "Só começamos a atuar de forma efetiva e integrada no mês de abril; então esses números (da violência) têm de ser vistos com mais cautela. Tratar disso com imediatismo não vai nos ajudar em nada."

Os índices de violência do Instituto de Segurança Pública (ISP) divulgados em abril mostram que os homicídios aumentaram após a intervenção, enquanto os índices de roubo (de carro, de carga, de transeunte) diminuíram. Segundo a diretora do ISP, Joana Monteiro, a situação atual da violência "é bastante similar à que tínhamos no início do ano passado". "A gente não tem indicadores objetivos mostrando uma grande melhora no momento."

A chamada letalidade violenta - que engloba, além das mortes em ações policiais, os homicídios, os roubos seguidos de morte e as lesões corporais seguidas de morte - cresceu 9,8% no mês passado em relação a abril de 2017 (592 contra 539). Os roubos, no entanto, caíram.

O roubo de veículos teve queda de 4,8% em relação ao mesmo período de 2017. Os roubos de carga (um dos crimes que mais preocupam as autoridades) também recuaram: 13,6%. Os roubos a transeuntes diminuíram 12,6%, e os roubos a residências refluíram 18,9%. "Não podemos ser simplistas", frisou Joana Monteiro. "Não chegamos a esse padrão de violência do dia para a noite e não vamos sair dele do dia para a noite."

A diretora do ISP destacou ainda como lado positivo da intervenção o fato de a segurança pública ter entrado na agenda federal. "Mas o lado negativo é que se criou uma narrativa de que o problema do Rio ocorreu por falha das polícias e da Secretaria de Segurança, quando, na verdade, houve problema fiscal e orçamentário."

Tráfico toma estações do BRT

No mesmo dia em que os militares fizeram um balanço dos cem dias de intervenção federal na segurança do Rio, o secretário da Casa Civil da prefeitura da capital, Paulo Messina, afirmou que o tráfico de drogas assumiu o controle de um trecho que engloba 22 estações do BRT (um terço do total) na zona oeste. O BRT Transoeste é um sistema expresso de ônibus que liga a Barra da Tijuca a Campo Grande, na zona oeste.

Com essa interferência, os coletivos ainda não puderam voltar a circular normalmente, após a paralisação provocada pelo movimento dos caminhoneiros, que deixou o serviço sem combustível. "As estações viraram quiosques do tráfico de drogas", disse Messina nesta terça-feira, 29.

As forças de segurança foram acionadas depois de o consórcio BRT informar o problema à prefeitura. "As estações viraram grandes lojas do tráfico de drogas, e o poder público perdeu o controle. O tráfico está ameaçando funcionários do BRT, e está impossível operar."

A circulação do BRT na zona oeste já estava sob ameaça desde o ano passado. Em novembro, os operadores do serviço afirmaram que fechariam 22 estações na região, porque tinham sido invadidas por moradores de rua e usuários de drogas. O problema, agora, se agravou. No Twitter, às 17h40, a Polícia Militar informou que policiais do 27º BPM (Santa Cruz) percorreram as estações e não encontraram criminosos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.