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Polícia do Rio apreende arma do mesmo modelo usado contra Marielle

A vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) foi assassinada a tiros em 14 de março - Foto: Renan Olaz/CMRJ
A vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) foi assassinada a tiros em 14 de março Imagem: Foto: Renan Olaz/CMRJ

Roberta Pennafort

Rio de Janeiro

31/05/2018 17h08

Um confronto balístico irá determinar se a submetralhadora HK-MP5 apreendida pela Polícia Civil numa ação contra milicianos em Itaguaí, na Baixada Fluminense, na tarde quarta-feira (30) foi usada para matar a vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista dela, Anderson Gomes, no dia 14 de março.

De fabricação alemã, a submetralhadora, encontrada num apartamento vazio do condomínio Zafira, do programa Minha Casa Minha Vida, na localidade de Chaperó, estava junto a outros armamentos da milícia que domina o conjunto: uma metralhadora, quatro pistolas, dois revólveres e munição. Diferentemente das demais, a HK-MP5 dificilmente é apreendida no Rio.

O modelo é utilizado pelo Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar e pela Coordenadoria de Operações Especiais da Polícia Civil do Rio, além de grupos de elite das Forças Armadas. Desde que a reconstituição do crime, no dia 11, confirmou o tipo da arma do atirador de Marielle, foi determinada uma perícia em todas aquelas de que as forças de segurança dispõem atualmente.

A submetralhadora HK-MP5 será periciada pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE). "Vai ser feito o confronto balístico com o projétil recuperado, que está amassado, e com estojos. Por microcomparação, será possível identificar as ranhuras, que são individualizadas", explicou nesta quinta-feira, 31, o promotor Jorge Luis Furquim, que investiga milícia em Itaguaí. "Se as marcas forem iguais ao que foi coletado na cena do crime, há a certeza absoluta. A nível microscópico, é possível saber com precisão".

A apuração do caso Marielle está a cargo da Delegacia de Homicídios, e os passos da investigação são mantidos sob sigilo. O carro da vereadora foi atacado à noite no Estácio, região central do Rio, quando ela ia para casa. Gomes morreu porque estava na linha de tiro.

O atirador estava num carro em movimento e conseguiu acertar quatro tiros na cabeça de Marielle, seu alvo, o que revelou sua perícia ao manusear a arma. O mandante teria motivação política e poderia estar ligado a milícias. Marielle norteava seu mandato na Câmara dos Vereadores pela defesa das populações de favelas e de mulheres.

Uma das linhas de investigação da DH é de que ela teria contrariado interesses de milicianos que exploram áreas da zona oeste do Rio ao apoiar pleitos de moradores. O vereador Marcello Siciliano (PHS) é um dos investigados. Ele nega qualquer envolvimento nas execuções e afirma que tinha bom relacionamento com Marielle na Câmara, apesar de eles estarem em campos opostos na política.

Na terça-feira, 29, a DH prendeu Thiago Bruno Mendonça, conhecido como Thiago Macaco, suspeito de matar um colaborador de Siciliano. O crime ocorreu três semanas depois do assassinato de Marielle. Os casos podem estar ligados.

A operação de quarta-feira em Itaguaí foi desencadeada por policiais da 50ª Delegacia Policial, a partir de informações do Ministério Público, para desarticular a chamada Milícia de Chaperó. O grupo extorque moradores e explora serviços de fornecimento de água, gás, sinal de internet e também o transporte irregular.

Ruan de Oliveira Dias, o Traquinas, foi preso quando tentava fugir por uma janela. Ele seria responsável pela guarda do material e já vinha sendo investigado pelo MP. O miliciano foi encaminhado para o complexo de presídios de Bangu. Também foram apreendidos dez rádio-transmissores, quatro coletes à prova de balas e grande quantidade de fardamento militar.