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3/4 dos paulistanos querem limitar circulação de veículos para reduzir poluição, diz Ibope

Dário Oliveira/Código 19/Estadão Conteúdo
Imagem: Dário Oliveira/Código 19/Estadão Conteúdo

Juliana Diógenes

Em São Paulo

13/06/2018 12h20

Pouco mais de 3/4 dos moradores de São Paulo - ou 76% - são favoráveis à adoção de medidas que limitam a circulação de veículos para diminuir a poluição na capital. O resultado integra pesquisa da Rede Nossa São Paulo e do Ibope Inteligência que será divulgada nesta quarta-feira (13) sobre a relação da cidade com o meio ambiente.

Em 2016, 64% dos paulistanos diziam já ter tido problemas de saúde por causa da poluição do ar na cidade, segundo pesquisa de mobilidade urbana divulgada no Dia Mundial Sem Carro daquele ano.

Entre os que desejam restringir a circulação, a inspeção veicular ambiental é a apontada como a medida que mais ajudaria a diminuir a poluição da cidade. Esse número é maior entre as mulheres entrevistadas e aumenta quanto maior a escolaridade e a renda.

Suspensa desde 2013 na capital paulista, a inspeção verificava os níveis de gases, poluentes e ruídos dos automóveis. A medida obrigava os automóveis a passarem por vistoria anual, na qual técnicos avaliavam a quantidade de poluentes que saíam dos escapamentos. Se estivessem acima do limite, o veículo era reprovado. Caso fosse aprovado, seguiria para o licenciamento.

Um projeto de lei aprovado na Câmara em dezembro do ano passado previa o retorno da inspeção veicular na capital, mas o então prefeito João Doria (PSDB) o vetou. O motivo é que outros municípios vizinhos não têm legislação semelhante.

"Não adianta você fazer na frota da cidade de São Paulo e não fazer nas demais cidades no entorno. Cria um ônus, uma dificuldade, mas aí quem mora em Osasco, Cotia, São Bernardo, Santo André, Ribeiro Pires, não faz. Não pode. tem que valer para todos", disse Doria na ocasião.

Restrição

Das iniciativas apresentadas aos entrevistados na pesquisa da Rede Nossa São Paulo, a limitação da circulação de veículos em algumas ruas e avenidas do centro expandido é a segunda medida que os paulistanos atribuem à melhoria da redução de poluentes.

Na ordem, a terceira e a quarta medida seriam a ampliação da área do rodízio considerando o centro expandido e também as ruas de bairros e periferias, e a cobrança de pedágio urbano - uma taxa para entrar e circular de carro no centro expandido.

Coleta seletiva

A pesquisa revela ainda que, embora a maioria dos paulistanos afirme separar os materiais recicláveis dos não recicláveis em casa, quatro em cada 10 paulistanos não mantêm este hábito. Segundo o estudo, o perfil dos entrevistados que declaram fazer a separação dos materiais recicláveis em casa aumenta é de pessoas mais velhas, mais instruídas e mais ricas.

Entre os moradores de São Paulo, 57% separam e 42% não cultivam a prática. Apesar disso, os dados mostram que a média paulistana está acima da brasileira. Pesquisa do Ibope/Ambev realizada em maio deste ano aponta que 39% dos brasileiros não separam material orgânico do reciclável.

Parques

De acordo com o levantamento, quase a metade dos paulistanos avalia negativamente a qualidade da preservação e manutenção das praças e parques de São Paulo: para 48%, o cuidado é ruim ou péssimo.

O criticismo aumenta quanto maior é a idade e a escolaridade dos entrevistados. Os moradores da região oeste são mais críticos em relação à preservação e manutenção de parques e praças da cidade. Mais da metade deles (52%) avaliam como péssima ou ruim a gestão de praças e parques.

Entre os que avaliam a preservação e a manutenção dos parques e das praças da cidade como "regular", destaca-se o perfil de jovens de 16 a 24 anos com renda familiar entre dois e cinco salários mínimos.

O levantamento da Rede Nossa São Paulo foi feito com 800 pessoas de todas as cinco regiões da capital paulista entre os dias 5 e 22 de abril deste ano. O levantamento faz parte da série "Viver em São Paulo", iniciada este ano. Todo mês, a Rede Nossa São Paulo tem divulgado dados sobre a percepção dos paulistanos em relação a temas como diversidade sexual e cultura.