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Justiça nega transferência de policiais paulistas presos em MG

Bruno Ribeiro

31/10/2018 17h09

O juiz Paulo Tristão Machado Júnior, do Tribunal do Júri de Juiz de Fora, em Minas Gerais, negou pedido de transferência feito pelo secretário estadual da Segurança Pública de São Paulo, Mágino Alves, e pela defesa de quatro policiais civis paulistas presos após um tiroteio que envolveu colegas mineiros, ocorrido há duas semanas e que deixou dois mortos, e manteve os agentes detidos presos em Minas.

Os investigadores Eduardo Alberto Modolo Filho e Caio Augusto Freitas Ferreira de Lira e os delegados Bruno Martins Magalhães e Rodrigo Castro Salgado da Costa, do Grupo de Operações Especiais (GOE), estão presos preventivamente depois do tiroteio, ocorrido no estacionamento de um hospital particular na cidade da zona da mata mineira, que terminou com um policial civil de Minas e um empresário paulista mortos e uma terceira pessoa, suspeita de estelionato, ferida. Cerca de R$ 14 milhões, em cédulas falsas, foram encontradas no local do crime.

Em sua sentença, Machado Júnior afirmou que "não existem justificativas plausíveis para a transferência dos investigados, pois estão acautelados provisoriamente em local próprio para agentes públicos" e que estão "sendo mantidos todos os seus direitos constitucionais". "Possivelmente pode haver a necessidade de serem ouvidos novamente ou até de se proceder a acareações e reconhecimentos, considerando a existência de pontos cruciais a serem esclarecidos", pontua, também, a decisão judicial.

Na mesma decisão, datada da última segunda-feira, 29, o juiz concedeu prazo de mas dez dias, "improrrogáveis", para a conclusão do inquérito policial civil que apura as circunstâncias do tiroteio e decretou sigilo nas investigações.

A principal linha de investigação da Polícia Civil mineira ao menos até a semana passada era que o caso se tratou de uma tentativa de estelionato que não deu certo. O empresário mineiro ferido - e também preso - é Antonio Vilela, já detido duas vezes, em 2009 em Minas e em 2015 em São Roque, no interior de São Paulo, por tentar passar notas falsas. Há suspeita de que os policiais mineiros ligados ao tiroteio, que estavam de folga no momento da ação, poderiam ser seguranças contratados por Vilela.

Inicialmente, a Polícia Civil de Minas informou que a transação seria uma venda de dólares. O empresário paulista que contratou a empresa de segurança privada que usava os policiais paulistas como seus agentes, Flávio de Souza Guimarães, entretanto, afirmou à Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo que o negocio seria um empréstimo.

Em um vídeo da audiência de custódia do caso, divulgado pelo site do jornal Tribuna de Minas, de Juiz de Fora, o investigador Caio Augusto Freitas Ferreira informou que ele e seus colegas haviam sido abordados pelos agentes mineiros antes de o tiroteio ocorrer. Eles estavam do lado de fora do estacionamento, e terminaram presos. Já o delegado Rodrigo de Casto Salgado da Costa afirmou que os desentendimentos começaram depois que o dono da empresa de segurança que o contratara, Jerônimo da Silva Leal Júnior, percebeu que as notas eram falsas. Segundo o delegado, o negócio estava em andamento, mas Flávio de Souza Guimarães havia dito, no depoimento à Corregedoria paulista, que teria desistido da negociação assim que viu as malas de dinheiro, mas antes de saber que o dinheiro era falso.

A Polícia Federal acompanha o caso. A delegacia da PF de Juiz de Fora já tinha um inquérito, aberto em novembro do ano passado e em sigilo, para investigar a ação de um grupo de estelionatários que agia na cidade.

A reportagem tenta contato com o advogado que representa os quatro agentes paulistas, mas ainda não obteve resposta.