Bolsonaro diz que pesquisa de desemprego é uma 'farsa'
"Quem recebe Bolsa Família é tido como empregado. Quem não procura emprego há mais de um ano é tido como empregado. Quem recebe seguro-desemprego é tido como empregado. Temos de ter uma taxa não de desempregados, e sim de empregados. Não tem dificuldade para ter isso aí e mostrar a realidade para o Brasil", afirmou, em resposta a uma pergunta sobre os últimos dados do IBGE referentes à contínua queda do desemprego. Em setembro, o IBGE registrou 12,5 milhões de desocupados, um recuo de 3,7% em relação à pesquisa anterior.
As estatísticas relativas ao mercado de trabalho são divulgadas mensalmente dentro da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua). As informações são coletadas em 210 mil residências, em 3,5 mil municípios de todas as regiões do País. A série histórica foi iniciada em janeiro de 2012, em substituição à Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que não era tão abrangente e não atendia às últimas recomendações da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Ao contrário do que Bolsonaro afirmou, as pessoas beneficiadas pelo programa social Bolsa Família não são inseridas na Pnad Contínua como empregadas. A qualificação na estatística depende da atividade que estejam exercendo. Se realizarem algum trabalho, ainda que não remunerado, podem ser consideradas ocupadas. Mas podem também entrar na conta de força de trabalho subutilizada ou mesmo não ser inserida na população economicamente ativa.
Da mesma forma, não são considerados empregados os que buscam um reposicionamento no mercado há mais de um ano ou os que recebem o seguro do governo, ao contrário do que afirmou o presidente eleito. "Evidentemente, Bolsonaro estava mal informado", disse o sociólogo Simon Schwartzman, presidente do IBGE de 1994 a 1998. Ele destacou, porém, que o Instituto possui um conselho técnico que pode analisar mudanças na divulgação dos dados, apesar das metodologias utilizadas seguirem definições da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Comissão de Estatística da ONU.
O IBGE disse apenas que não recebeu qualquer notificação do governo reivindicando mudanças na metodologia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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