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Decisão de não sediar COP foi de Bolsonaro

Lu Aiko Otta, com colaboração de Luisa Marini, especial para AE

Brasília

29/11/2018 07h35

A decisão do Brasil de não sediar a Conferência do Clima (COP-25) em 2019 foi tomada pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro. "Houve participação minha", afirmou nesta quarta-feira, 28. Bolsonaro disse que existe a possibilidade de o País sair do Acordo do Paris e não quer "anunciar uma possível ruptura dentro do Brasil". Outro fator mencionado foi o custo para a realização do evento - R$ 400 milhões, segundo estimativas -, que considerou "exagerado" diante da situação das contas públicas.

"Peço a ajuda de vocês", disse o presidente eleito a jornalistas. Bolsonaro afirmou que o Acordo de Paris - esforço internacional assinado por 195 países em 2015 para conter o aquecimento global no planeta - coloca em risco a soberania do Brasil por criar, segundo ele, uma grande área de preservação ambiental chamada "Triplo A". Trata-se de uma faixa de 136 milhões de hectares que se estenderia desde os Andes, passando pela Amazônia e chegando ao Atlântico. Ainda de acordo com o presidente eleito, a proposta foi criada pela Fundação Gaia Amazonas, com sede na Colômbia.

"Eu quero deixar bem claro, como futuro presidente, que, se isso for um contrapeso, nós com toda certeza teremos uma posição que pode contrariar muita gente, mas vai estar de acordo com o pensamento nacional", disse o presidente eleito. Durante a campanha eleitoral, ele falou em sair do acordo do clima e da própria Organização das Nações Unidas (ONU).

Segundo Bolsonaro, o Brasil é o país que mais preserva o meio ambiente. "Mas não pode uma política ambiental atrapalhar o desenvolvimento do Brasil. Hoje a economia quase está dando certo apenas na questão do agronegócio. E eles estão sufocados por questões ambientais que não colaboram em nada para o desenvolvimento e a preservação do meio ambiente."

O presidente eleito assumiu a responsabilidade pela desistência da candidatura do Brasil apesar de o futuro ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que estava ao lado, haver soprado, enquanto a pergunta era feita: "Não temos nada com isso. Isso é decisão do Itamaraty".

O atual governo consultou a equipe sobre a realização da COP-25 porque, embora seja amplamente conhecida, a candidatura do Brasil para sediar o evento seria formalizada na COP-24, que começa no domingo, em Katowice, na Polônia. Os países da América Latina e Caribe ofereceriam o Brasil como sede, depois de meses de articulação para superar as resistências da Venezuela. O futuro chanceler, Ernesto Araújo, foi questionado sobre o interesse em manter a candidatura.

A equipe de transição foi também avisada de que há questão financeira pendente. A proposta do Orçamento de 2019, em análise no Congresso, prevê recursos para o evento, mas apenas uma pequena parte, cerca de R$ 15 milhões. Os técnicos avaliavam tirar recursos do Fundo Clima, gerido pelo Ministério do Meio Ambiente, mas seria necessário outras fontes de recursos.

Argumentos

No telegrama enviado na última segunda-feira em que comunicou a desistência da candidatura, o governo brasileiro apresentou como justificativas a difícil situação das contas públicas e o processo de transição no Brasil. Mas o quadro fiscal não havia sido um peso quando o País se candidatou, em outubro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.