Gasto do governo com publicidade não é passível de pressões, diz ministro
Vera Magalhães
Boston
06/04/2019 07h50
O ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, não se mostra disposto a, diante da mudança na Secretaria de Comunicação, alterar radicalmente a diretriz de gastos com publicidade do governo.
As torneiras foram bastante fechadas em relação aos governos anteriores, e começa a haver pressão interna para que se liberem investimentos em campanhas de divulgação das ações da gestão Jair Bolsonaro. Se depender do ministro, não será tão fácil.
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"O problema com gastos de publicidade é que tem de tomar muito cuidado para não ser irresponsável. A maior questão relacionada ao dinheiro público é a responsabilidade no gasto. Você não pode ser passível de pressões para liberar ou não liberar. Você gasta de acordo com a necessidade, e não de acordo com o gosto", disse ele ao jornal O Estado de S. Paulo ontem, em Boston, nos Estados Unidos, onde participa da Brazil Conference, promovida por alunos da comunidade universitária.
O ministro demonstrou confiança na aprovação da reforma da Previdência, depois da fase inicial que classificou como de "furacão" e, embora tenha passado a evitar polemizar diretamente com o escritor Olavo de Carvalho, que tem feito ataques sistemáticos e pessoais a ele, mandou um recado sobre o uso das redes sociais, inclusive por integrantes do governo.
Essa possibilidade de hoje todo mundo se comunicar com todo mundo pode ajudar, mas também pode tumultuar. O que eu tenho a dizer é que as pessoas tenham muito cuidado com a utilização dessas mídias sociais, que não ataquem outras pessoas, que não façam disso uma arma para a discórdia
Carlos Alberto dos Santos Cruz
A seguir, trechos da entrevista:
O governo já se envolveu em algumas controvérsias graças a esse uso das redes sociais, que foram importantes para a eleição do presidente. De que maneira as redes podem ajudar o governo e não ser fonte de ruído, como o senhor disse?
Podem até ser um instrumento importante de governo, para a divulgação das suas ideias, dos seus projetos. Isso tem de ser feito. Mas tem de usar com muito cuidado, para evitar distorções, e que vire arma nas mãos dos grupos radicais, sejam eles de uma ponta ou de outra. Tem de ser disciplinado, até a legislação tem de ser aprimorada, e as pessoas de bom senso têm de atuar mais para chamar as pessoas à consciência de que a gente precisa dialogar mais, e não brigar.
O presidente começou a se dedicar mais pessoalmente à articulação política. O senhor acha que a reforma da Previdência vai ser aprovada, e a que tempo?
Acho que vai. A importância da modificação da Previdência é reconhecida por todos, e só quanto à maneira de fazer é que existem discordâncias. Esse processo de discussão na Câmara é normal, e a proposta vai ser aperfeiçoada. A população tem de ser informada, e temos de dar o crédito à Câmara e, depois, ao Senado. Essa acomodação inicial, período do furacão, era esperada, e temos de ter calma porque vai passar.
O senhor está na Secretaria de Governo, que cuida das emendas. Muitos parlamentares têm receio do senhor, acham que o senhor é muito bravo. Como tem sido sua relação com o Congresso?
Eu sou uma pessoa absolutamente normal. No caso das emendas parlamentares, existem as impositivas, que têm de seguir um processo legal, e as que não são. Isso vem sendo tratado absolutamente dentro das normas, e vamos continuar tratando isso com tranquilidade, não tem dificuldade nenhuma.
Dentro da sua área de atribuição também está a Secom, cuja titularidade foi trocada agora. Existe uma pressão interna para se ampliar os gastos com publicidade, e o senhor é da tese do comedimento. O senhor vai abrir o cofre?
O problema com gastos de publicidade é que tem de tomar muito cuidado para não ser irresponsável. A maior questão relacionada ao dinheiro público é a responsabilidade no gasto. Você não pode ser passível de pressões para liberar ou não liberar. Você gasta de acordo com a necessidade, e não de acordo com o gosto. Nada disso. Isso é dinheiro público, é dinheiro do cidadão brasileiro, não se pode ficar gastando de maneira descabida. Você, para gastar, tem de estar muito bem justificado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.