Com governadores, Bolsonaro critica política ambiental passada e terras indígenas
Julia Lindner, Mariana Haubert e Mateus Vargas
Brasília
27/08/2019 11h47
Bolsonaro afirmou também que a defesa da internacionalização da região feita pelo presidente da França, Emmanuel Macron, é uma "realidade na cabeça dele" e pediu união para garantir a soberania brasileira.
O presidente estimulou o debate sobre a exploração mineral em terras indígenas. Os governadores que haviam falado até a publicação desta matéria concordaram com Bolsonaro no sentido de que é preciso haver formas de estimular a produção nessas terras. Já falaram os representantes do Amazonas, Acre, Roraima, Rondônia e Tocantins.
O governador de Roraima, Antonio Denarium, afirmou que o Estado tem sido penalizado nos últimos 30 anos por políticas indigenistas e ambientais. Ele disse ainda que 95% da vegetação nativa de Roraima está preservada, mas pediu ajuda ao governo federal para conseguir fiscalizar e combater ações ilegais.
"É difícil fazer fiscalização sem saber quem é o verdadeiro dono da terra. Temos que fazer o ordenamento territorial do nosso Estado e temos que aprender a separar os bons dos ruins. Hoje o Ibama chega e multa todo mundo sem direito de defesa", disse Denarium. O governador pediu ainda que a União ajude na formação de brigadistas locais.
Bolsonaro questionou Denarium sobre os motivos que levaram às demarcações de terras indígenas em seu Estado. O governador respondeu que isso é "fruto de uma política indigenista". "Roraima não é porção de terra mais rica do Brasil, mas do mundo. E as terras indígenas e as ONGs estão concentradas justamente nessas áreas", disse.
Na conversa com os gestores estaduais, o presidente tem perguntado quanto do território de cada Estado está "inviabilizado" por terras protegidas e disse que muitas das reservas indígenas "têm aspecto estratégico que alguém programou".
"Índio não faz lobby e consegue ter 14% do território nacional demarcado", disse Bolsonaro. Ele disse que existem hoje 498 novos pedidos de demarcação de terras indígenas no Ministério da Justiça. "Estamos mostrando para o mundo onde estamos chegando com essa política ambiental que não foi usada de forma racional", disse.