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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Ernesto Araújo diz que Bolsonaro está reproduzindo 'propaganda russa'

Araújo, ex-chanceler, defende que Brasil adote posição a favor da Ucrânia e condene Rússia - Adriano Machado/Reuters
Araújo, ex-chanceler, defende que Brasil adote posição a favor da Ucrânia e condene Rússia Imagem: Adriano Machado/Reuters

Davi Medeiros

Em São Paulo

02/03/2022 15h10Atualizada em 02/03/2022 15h14

O ex-chanceler Ernesto Araújo fez críticas à postura do presidente Jair Bolsonaro (PL) diante da guerra na Ucrânia e afirmou que o mandatário está reproduzindo "desinformação russa".

Em vídeo publicado ontem no YouTube, o ex-ministro das Relações Exteriores disse que a posição de suposta "neutralidade" defendida pelo chefe do Executivo transmite, na verdade, uma preferência pelo país de Vladimir Putin.

"Me parece que a posição correta do Brasil, compatível com nossos valores morais e interesses materiais, seria um apoio à Ucrânia, junto com as grandes democracias ocidentais", afirmou Araújo.

O ex-chanceler também criticou a visita de Bolsonaro à Rússia no momento em que a tensão entre os países europeus já estava em escalada, o que, segundo o ex-ministro, contradiz a posição neutra que o presidente diz defender.

Araújo argumentou que Bolsonaro validou a narrativa russa ao se referir a Volodymyr Zelenski, presidente do país invadido, como "comediante".

"A ilação que o presidente está fazendo é que o povo ucraniano entregou o seu destino a alguém que não tinha capacidade de conduzi-lo e agora está sofrendo as consequências disso. Isso é pura propaganda russa", disse Araújo, acrescentando não considerar demérito o fato de o líder ucraniano ser um ex-comediante.

Antigo aliado de Bolsonaro, o ex-chanceler tem feito críticas constantes ao chefe do Executivo.

Recentemente, Araújo acusou o mandatário de estar favorecendo uma política "pró-China" por meio de aliança com o centrão.

Segundo ele, o bloco teria passado a pautar a gestão federal conforme os interesses do país asiático.

As críticas de Araújo ecoam um racha na base de apoiadores do governo sobre como o Brasil deve se posicionar perante a invasão da Ucrânia.

Como mostrou o Estadão, o conflito movimentou diferentes campos da política brasileira e expôs, curiosamente, posicionamentos confluentes entre parte dos aliados de Bolsonaro e grupos de oposição, principalmente na defesa de Vladimir Putin.

Outra fatia dos bolsonaristas, à qual se encaixa Araújo, optou por condenar a ofensiva russa e defender o país atacado, evidenciando uma divisão na bolha ideológica do entorno do presidente.

Liderada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (Patriota-RJ), uma ala dos defensores do governo tem usado o confronto para enaltecer o ex-presidente americano Donald Trump.