GSI gasta R$ 699 mil para trocar carros usados no treinamento de motoristas
Parte vencedora na disputa com a Polícia Federal (PF) sobre quem comandaria a guarda presidencial, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) desembolsou R$ 699 mil para trocar os carros utilizados no treinamento de motoristas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e de seus familiares.
O pregão foi realizado no dia 22 de junho, ou seja, seis dias antes de Lula decidir que a segurança presidencial retornaria ao controle dos militares em vez de permanecer com os agentes da PF. Nos bastidores, a disputa foi marcada por ataques dos dois lados. Delegados federais chegaram a ameaçar uma "rebelião" contra Lula caso ele privilegiasse as Forças Armadas.
Como mostrou a Coluna do Estadão, os agentes federais diziam, em conversas reservadas, que seria impensável que Lula prestigiasse "quem tentou destituí-lo" em detrimento de quem "defendeu a sua permanência no cargo de presidente". O presidente, porém, privilegiou os militares que agora ditam os rumos da segurança presidencial em gestão compartilhada com a PF.
Procurado pela reportagem, o GSI disse que o processo de aquisição dos novos veículos teve início em 2021 e que a realização do pregão na semana em que Lula se preparava para decidir os rumos da sua segurança pessoal somente ocorreu porque foram superadas "as demandas legais e exigências por parte de todos os setores de análise do processo".
"Portanto, o fluxo logístico de compra de materiais seguiu o planejamento normal que já estava estabelecido desde o início do processo de compra (ano de 2021)", disse o GSI em nota.
A montadora vencedora do pregão realizado pelo GSI vai substituir a frota atual por seis carros zero quilômetro da marca Chevrolet Onix Plus. Dos seis veículos utilizados atualmente, cinco são Chevrolet Astra fabricados em 2005. A pasta também utiliza nos treinamentos um Ford Focus de 2012.
Na proposta, a pasta justificou que a substituição é necessária porque "os veículos atualmente empregados nas atividades de instrução de segurança foram intensamente utilizados ao longo dos últimos dezesseis anos e em razão do uso intensivo, além de terem se tornado antieconômicos, estão defasados tecnologicamente".
Além da formação de condutores, os novos carros serão utilizados em operações de "intercâmbio internacional" com departamentos de segurança de "nações amigas", com destaque a Angola e Moçambique citados no edital.
"Isso impõe sua substituição no mais curto prazo, o que proporcionará maior economicidade, confiabilidade na execução das atividades de instrução e adestramento das equipes de segurança do Departamento de Segurança Presidencial", argumentou o GSI.
"Em razão do desgaste natural dos veículos, as panes têm sido frequentes, ocasionando a indisponibilidade dos meios de instrução, o que implica em reparações e manutenções, comprometendo sensivelmente o calendário anual de capacitação", completou.
Os novos veículos foram vendidos por R$ 116.650 mil cada. O valor se enquadra com as bases da tabela Fipe para o mês de junho, quando o mesmo modelo era vendido por R$ 111 mil. Segundo o GSI, o objetivo da aquisição de novos carros "é salvaguardar as maiores autoridades do país sob a responsabilidade do Departamento de Segurança, proporcionar a manutenção dos níveis de segurança na capacitação e o melhoramento do desempenho dos integrantes do Sistema de Segurança Presidencial, com a correspondente manutenção dos padrões exigidos".
A formação dos motoristas inclui todas as instituições envolvidas na segurança do presidente e de seus familiares. Além dos militares, também utilizarão os carros os agentes da PF, da Polícia Militar do Distrito Federal, do Corpo de Bombeiros do DF, da Polícia Civil do DF e da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Isso significa que mesmo os policiais que devem fazer a segurança pessoal da primeira-dama Janja da Silva passarão pelo programa de treinamentos conduzido pelo GSI.
Como mostrou o Estadão, Janja rejeita a volta de militares do GSI para sua segurança imediata. Por causa da recusa, o governo federal avalia a edição de um decreto para manter sob responsabilidade da PF a proteção da mulher do presidente.
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