Unicamp demite professor acusado de ameaçar estudantes com faca e spray de pimenta
02/04/2024 20h59
A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) anunciou nesta terça-feira, 2, a demissão do professor Rafael de Freitas Leão, acusado de ter ameaçado estudantes com uma faca e spray de pimenta durante uma confusão com os universitários em outubro do ano passado. O docente alega que se sentiu ameaçado pelos alunos, que estariam, segundo ele, o impedindo de dar aula por conta de uma paralisação estudantil.
A demissão do professor foi publicada na edição desta terça-feira, 2, no Diário Oficial do Estado, por meio de portaria. O documento afirma que o professor foi desligado da universidade por descumprir o Estatuto dos Servidores da Unicamp "com uma falta disciplinar gravíssima".
Em nota, a Unicamp diz que a decisão foi tomada com base no relatório final produzido pela Comissão Processante Permanente, que analisou o caso, e referendado posteriormente pela Procuradoria Geral da universidade.
"O processo na Comissão Processante Permanente transcorreu conforme determinam as regras internas da universidade, garantindo ao docente todas as possibilidades de exercer a sua ampla defesa", disse a instituição, em nota.
Rafael de Freitas Leão era docente do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (IMECC) da Unicamp. Ele se graduou, fez mestrado e doutorado em Matemática pela mesma universidade, conforme consta no currículo Lattes do professor.
A defesa de Leão foi procurada, mas afirmou que vai se manifestar na quarta-feira, 3. O agora ex-docente da Unicamp estava afastado das atividades acadêmicas desde 4 de outubro do ano passado, um dia depois de um desentendimento com estudantes dentro da universidade, no câmpus de Campinas, interior do Estado.
Na ocasião, parte dos universitários defendia uma paralisação das aulas em protesto contra a situação das universidades estaduais e em defesa da contratação de mais professores.
Os estudantes dizem que estavam comunicando os professores sobre a decisão da assembleia de paralisação, quando Leão teria avançado sobre eles com um canivete. Em imagens gravadas e divulgadas na época, é possível ver alunos contendo o docente, que segura o que parece ser um objeto cortante.
Ainda na versão dos alunos, os discentes teriam se aglomerado em frente à porta para impedir que Leão escapasse. Como reação, o servidor espirrou spray de pimenta contra os universitários, e foi contido por seguranças da Unicamp na sequência.
Tanto o professor quanto os alunos foram encaminhados ao 1º DP de Campinas. Em depoimento à polícia, Leão alegou na ocasião que um grupo de alunos entrou na sala e o impediu de ministrar uma aula e, para se defender, teria utilizado uma faca e um spray de pimenta. Ele afirmou também que já tinha sido ameaçado pelos estudantes em outras oportunidades.
O relatório feito pela Secretaria de Vivencia nos Campi, órgão responsável pela segurança do câmpus, confirmou que Leão estava portando uma faca e um spray de pimenta. Com base no documento, a reitoria decidiu instaurar um Processo Administrativo Disciplinar e afastar o professor.
A Polícia Civil investiga o caso por meio de um Termo Circunstanciado (TC) pelo 7° DP de Campinas. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, o episódio foi registrado como lesão corporal e incitação ao crime, e encaminhado ao Juizado Especial Criminal (Jecrim). "Os laudos periciais foram encaminhados para análise do Poder Judiciário", disse a pasta em nota nesta terça.
Em manifestação nas redes sociais, o Diretório Central dos Estudantes da Unicamp classificou o desligamento do servidor como "vitória da greve estudantil".