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Domingos Brazão diz no STF que nunca teve contato com Marielle e só viu Lessa pela TV

São Paulo

23/10/2024 15h43

O conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, prestou depoimento nesta terça-feira, 22, ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O conselheiro, que está preso na Penitenciária Federal de Boa Vista, falou por videoconferência. Durante a oitiva, Brazão chorou ao falar de familiares e, fazendo coro ao depoimento prestado pelo irmão um dia antes, afirmou nunca ter tido contato com Marielle e negou qualquer ligação com Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, apontados pela Polícia Federal (PF) como executores do crime.

"Nunca vi esse senhor. A primeira vez que vi a imagem do Ronnie Lessa, me parece que foi no IML, no dia que ele foi preso", declarou o conselheiro.

Segundo Brazão, Lessa teria se sentido encurralado e buscado incriminá-lo após ter seu nome associado ao caso.

"Ele só decide falar após a delação de Élcio de Queiroz. Ele se sentiu acuado, encurralado. E decidiu falar. Foi a oportunidade que o Lessa teve de defender, proteger o seu comparsa, Cristiano Girão (ex-vereador, preso acusado de chefiar uma milícia na Zona Oeste do Rio). É a única explicação que vejo", afirmou.

Questionado pelo desembargador Airton Vieira, do gabinete de Moraes, sobre o motivo de seu irmão ter sido incriminado por alguém que ele não conhecia, Brazão sugeriu que Lessa utilizou essa estratégia para transferir o caso para o Supremo.

A PF concluiu, em março deste ano, a principal etapa da investigação sobre os assassinatos de Marielle e Anderson. A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou os irmãos Brazão e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa, pelo crime. Todos estão presos preventivamente desde março.

A execução de Marielle teria sido motivada pela disputa em torno da exploração imobiliária em áreas controladas por milícias, especialmente em comunidades de Jacarepaguá, na zona oeste do Rio. Segundo a PF, Brazão é um dos mandantes do crime e teria ligação com milicianos interessados na grilagem de terras para fins comerciais. A vereadora do PSOL e seu grupo se opunham a essa prática e defendiam o uso social dessas áreas.

Segundo o inquérito, os irmãos foram os "autores intelectuais" do crime, enquanto Rivaldo Barbosa planejou "meticulosamente" a ação. Barbosa assumiu o comando da Polícia um dia antes do assassinato e, no dia seguinte, recebeu as famílias das vítimas, solidarizou-se com elas e afirmou que solucionar o caso seria "questão de honra".

"Apesar de não o ter idealizado, ele foi o responsável por ter o controle do domínio final do fato, ao ter total ingerência sobre as mazelas inerentes à marcha da execução, sobretudo com a imposição de condições e exigências", diz a investigação. Os três negam participação nos assassinatos.

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