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Itália quer suspender venda de armas para Arábia Saudita

24/10/2018 19h54

ROMA, 24 OUT (ANSA) - A Itália está considerando "sem dúvida" a possibilidade de bloquear o fornecimento de armas para a Arábia Saudita depois do assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi, informou nesta quarta-feira (24) o ministro italiano das Relações Exteriores, Enzo Moavero.   

A declaração foi dada dois dias depois da Alemanha pedir aos seus parceiros europeus que suspendessem as vendas de armas para os sauditas até que o desaparecimento do colunista do Washington Post, no dia 2 de outubro dentro do consulado do país em Istambul, na Turquia, fosse esclarecido. "Ontem, junto com os outros países do G7, fizemos outro apelo para esclarecer esta terrível questão", acrescentou o ministro à margem da abertura da Conferência interministerial Itália-África.   

Segundo Moavero, todos "os cidadãos de vários países têm pleno direito de saber a verdade". Hoje, o príncipe saudita, Mohammed bin Salman, prometeu punir todos os "culpados" responsáveis pelo assassinato de Khashoggi, falando em um fórum com empresários em Riad.   

Na ocasião, ele disse que "o crime foi doloroso para todos os sauditas", mas ele nunca permitiria qualquer divisão com a Turquia, principalmente depois que o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que o jornalista, um crítico proeminente do reino, foi vítima de um "assassinato político" cuidadosamente planejado por oficiais da inteligência saudita e outros oficiais.   

"Muitas pessoas estão tentando aproveitar essa situação dolorosa para criar uma divisão entre a Arábia Saudita e a Turquia", disse.   

Em sua primeira declaração pública sobre o caso, o herdeiro da Arábia Saudita ainda reforçou que a morte do repórter foi "um crime hediondo que não pode ser justificado". Ele prometeu que "aqueles que estão por trás desse crime serão responsabilizados, porque no final, a justiça prevalecerá".   

Na última terça-feira(23), o príncipe herdeiro juntou-se a seu pai, o rei Salman, para conhecer membros da família Khashoggi.   

Como retaliação, ontem, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, anunciou que o governo de Donald Trump decidiu negar ou revogar o visto de entrada para 21 cidadãos sauditas suspeitos de estarem envolvidos no caso de Khashoggi. Na sequência, a medida também foi tomada pelo Reino Unido, segundo informou a primeira-ministra britânica, Theresa May.   

Trump, por sua vez, definiu como "um fiasco total" a gestão do caso por Riad e disse que se sente "traído" pelos aliados sauditas.   

Já o presidente francês, Emmanuel Macron, expressou ao rei saudita, Salman bin Abdulaziz, sua "profunda indignação pela morte de Khashoggi e disse estar disposto a adotar sanções internacionais contra os responsáveis. Em comunicado, o Palácio do Eliseu disse que Macron telefonou para o rei para tratar da investigação do caso e pediu que "se jogue toda a luz sobre as circunstâncias" sobre o crime.   

"A França não duvidará em adotar, de acordo com seus parceiros, sanções internacionais contra os culpados", destaca o texto. De acordo com a nota, o líder francês ainda relembrou a "prioridade essencial" que representa seu país: "a defesa da liberdade de expressão, da liberdade de imprensa e das liberdades públicas". (ANSA)
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