Topo

Massacre de Suzano reacende debate sobre armas

14/03/2019 19h48

SÃO PAULO, 14 MAR (ANSA) - O massacre em uma escola de Suzano (SP), que deixou oito inocentes e dois atiradores mortos nesta quarta-feira (13), reacendeu o debate sobre o acesso a armas no Brasil, dois meses após o decreto do presidente Jair Bolsonaro que flexibilizou as regras para posse.   


Ainda não se sabe como Guilherme Taucci Monteiro, 17, e Luiz Henrique de Castro, 25, tiveram acesso ao revólver calibre 38 usado no atentado, mas o tema voltou à pauta em função das regras menos rígidas para se ter armas em casa.   


Um dos primeiros a abordar essa questão foi o vice-presidente Hamilton Mourão, que disse não ver relação entre o massacre e o decreto de Bolsonaro. "Não vejo essa questão. Vai dizer que a arma com que os caras estavam era legal? Acho que não tem nada a ver, mas sei que a questão vai ser colocada", declarou.   


Alguns nomes ligados ao governo preferiram seguir por outro caminho e aproveitaram a ocasião para defender não apenas a posse, mas também o porte de armas. O senador Major Olímpio (PSL-SP), por exemplo, pregou a ideia de armar professores para evitar tragédias do tipo.   


"Se houvesse um cidadão com uma arma legal dentro da escola, um professor, um servente ou um policial aposentado, ele poderia ter minimizado o tamanho da tragédia", justificou. Flávio Bolsonaro, filho mais velho do presidente, culpou o estatuto do desarmamento e a maioridade penal de 18 anos.   


"Mais uma tragédia protagonizada por menor de idade e que atesta o fracasso do malfadado estatuto do desarmamento, ainda em vigor", declarou o senador. O deputado Eduardo Bolsonaro, por sua vez, disse que a arma é apenas um "pedaço de metal" e faz "tão mal quanto um carro".   


"Ou seja, para fazer mal, precisa de uma pessoa por trás dela.   


Armas não matam ninguém, quem mata são pessoas", explicou.   


Segundo ele, ter uma arma para defesa pode evitar "um roubo ou algo pior".   


Em meio à polêmica, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que flexibilizar o porte de armas, como quer Olímpio, seria a "barbárie". "O que eu espero é que alguns não comecem a dizer que se os professores estivessem armados ia resolver o problema, pelo amor de Deus", afirmou.   


"O monopólio da segurança pública é do Estado, não é responsabilidade do cidadão. Se o Estado não está dando segurança, a responsabilidade é dos gestores da segurança pública. Já não basta o debate sobre posse, mas agora um pedido desse que não é posse, é discussão sobre porte em área urbana, aí nós passamos para uma proposta de barbárie", acrescentou.   


Já a ex-presidente Dilma Rousseff disse que o porte de armas "irrestrito e amplamente liberado" transformaria os assassinatos em massa em algo "endêmico e cotidiano". Apesar do debate, não está na pauta do Congresso nenhum projeto para flexibilizar o porte de armas. (ANSA)
Veja mais notícias, fotos e vídeos em www.ansabrasil.com.br.