Papa Francisco diz que mundo está 'se autodestruindo'
AVIÃO PAPAL, 5 FEV (ANSA) - O papa Francisco afirmou neste domingo (5), durante a viagem de volta do Sudão do Sul, que o mundo vive um momento de "autodestruição" com conflitos por todas as partes.
"A Ucrânia não é a única guerra. Queria fazer justiça porque faz 12-13 anos que a Síria está em guerra. São 10 anos que o Iêmen está em guerra, pensem em Mianmar. Em todo lugar, na América Latina, quantos focos de conflito existem. Sim, há guerras mais importantes pelo barulho que fazem [...], mas todo o mundo está em guerra. É uma autodestruição e precisamos pensar seriamente nisso parando enquanto há tempo. Porque uma bomba pede uma outra bomba maior, e outra maior, e a escalada não se sabe onde vai acabar", pontuou aos jornalistas no avião papal.
Segundo o líder católico, tanto a violência na África como no resto do mundo é causada pelos "negócios" na venda de armas.
"É muito doloroso se ver como a violência é provocada, e um dos pontos é a venda das armas. Hoje acredito que no mundo haja uma peste, a maior das pestes, que são os negócios da venda de armas. Alguém já me disse que, se em um ano não fossem vendidos armamentos, acabaria a fome no mundo", pontuou.
Dizendo ainda que o problema não é só "entre as grandes potências, mas com essas pobres pessoas", referindo-se à África, Francisco ressaltou que os poderosos "disseminam as guerras dentro dos países". "Isso é cruel. Dizem 'vai para a guerra' e lhes dão armas porque por trás disso há interesses, sobretudo, econômicos. É diabólico, não consigo falar outra palavra. Isso destrói a criação, as pessoas e a sociedade", ressaltou.
Questionado diretamente sobre a guerra na Ucrânia e se tem a intenção de se encontrar com os presidentes envolvidos, Volodymyr Zelensky e Vladimir Putin, Jorge Mario Bergoglio se disse "aberto para encontrar ambos". "Se eu não fui para Kiev ainda é porque não é possível, no momento, ir para Moscou. Mas, sigo pedindo o diálogo", destacou.
Durante todos os eventos que teve no Sudão do Sul, incluindo em um encontro com milhares de deslocados internos por conta das guerras no país, o Papa cobrou a retomada do processo de paz e o fim da violência. (ANSA).
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