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DNA de queijo mais antigo do mundo é encontrado com múmias na China

Foto ilustrativa Imagem: barmalini/Getty Images/iStockphoto

Elisa Buson;

Da Ansa, em Milão

26/09/2024 13h53Atualizada em 26/09/2024 15h48

O DNA do queijo mais antigo do mundo, encontrado espalhado nas cabeças e pescoços de algumas múmias chinesas que datam de mais de 3 mil anos atrás, foi extraído e analisado pela primeira vez.

A descoberta foi publicada na revista Cell por pesquisadores do Instituto de Paleontologia de Vertebrados e Paleoantropologia da Academia Chinesa de Ciências.

O estudo revela que trata-se de uma amostra do queijo de kefir - uma espécie de queijo cremoso moderno - colhida dos restos mortais bem preservados localizados em um cemitério chinês na Bacia de Tarim, no noroeste da China.

Além disso, mostra a maneira cujas bactérias probióticas evoluíram até hoje para se adaptarem melhor ao intestino humano.

"Esta é a amostra de queijo mais antiga já descoberta no mundo", declarou o paleontólogo Qiaomei Fu, enfatizando que "alimentos como o queijo são extremamente difíceis de preservar durante milhares de anos, tornando esta oportunidade rara e preciosa".

Segundo o pesquisador, "estudar queijos antigos em grande detalhe pode ajudar-nos a compreender melhor a dieta e a cultura dos nossos antepassados".

O estudo, na verdade, também permite recuar no tempo até à Idade do Bronze, entre 3,3 mil e 3,6 mil anos atrás, época a que remontam as múmias encontradas no cemitério de Xiaohe. Durante a descoberta, os arqueólogos acharam uma misteriosa substância branca espalhada na cabeça e no pescoço de três corpos que dava a impressão de ser um laticínio fermentado.

Para resolver o mistério, os pesquisadores colheram amostras das quais extraíram e analisaram o DNA mitocondrial, descobrindo a presença de DNA bovino e caprino.

A partir das amostras, eles também conseguiram recuperar o DNA dos microrganismos presentes no antigo laticínio, demonstrando que continha bactérias e leveduras (como Lactobacillus kefiranofaciens e Pichia kudriavzevii) que ainda hoje estão presentes nos grãos de kefir, ou seja, nas culturas de microrganismos usado para fermentação de kefir.

O sequenciamento do DNA desses probióticos e a comparação com os atuais mostram que o "Lactobacillus kefiranofaciens" contido no antigo queijo estava relacionado à cepa de lactobacilos originária do Tibete e não da Rússia - que hoje é a mais utilizada no mundo.

De acordo com os especialistas, este resultado mina a teoria segundo a qual o kefir se originou na região montanhosa do norte do Cáucaso, no atual território russo.

Por fim, o estudo revelou como o Lactobacillus kefiranofaciens trocou material genético com cepas relacionadas, melhorando sua estabilidade genética e capacidade de fermentação do leite ao longo do tempo.

Em comparação com os antigos Lactobacillus, as bactérias modernas têm menos probabilidade de desencadear uma resposta imunológica no intestino humano. Isto sugere que as trocas genéticas os ajudaram a se adaptarem aos humanos.

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