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Presidente repudia tentativa de Trump de retomar Canal do Panamá

22/12/2024 20h00Atualizada em 22/12/2024 20h27

O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, repudiou, neste domingo (22), as ameaças do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, de retomar o controle do canal interoceânico.

"O canal não tem controle direto ou indireto nem da China, nem da Comunidade Europeia, nem dos Estados Unidos ou de qualquer potência. Como panamenho, repudio energicamente qualquer manifestação que distorça esta realidade", reagiu Mulino em um vídeo em sua conta no X, sem mencionar Trump diretamente.

Sua declaração seguiu uma postagem do republicano no sábado em sua plataforma, Truth Social, na qual escreveu: "nossa Marinha e comércio têm sido ameaçados de uma forma injusta e imprudente. As taxas que o Panamá cobra são ridículas".

"Esta completa trapaça contra nosso país cessará imediatamente", afirmou Trump.

O presidente eleito também denunciou a crescente influência da China no canal, uma situação preocupante já que empresas americanas dependem do canal para transportar bens entre os oceanos Atlântico e Pacífico.

"Era exclusivamente para que o Panamá o administrasse, não a China ou ninguém mais", disse Trump. "Nunca deixaríamos, nem deixaremos que caia nas mãos erradas!".

Se o Panamá não pode garantir uma "operação segura, eficiente e confiável" do canal, "então exigiremos que nos devolvam o canal do Panamá em sua totalidade e sem margem para dúvidas", acrescentou o republicano.

O presidente panamenho respondeu, exigindo "respeito" com seu país e reiterou que "cada metro quadrado do canal do Panamá e suas zonas adjacentes são do Panamá e continuarão sendo". "A soberania e a independência do nosso país não são negociáveis", acrescentou.

Apesar das falas de Trump, Mulino disse que espera ter "uma relação boa e respeitosa" com o futuro governo dos Estados Unidos, com o qual espera continuar abordando temas como a imigração ilegal e o narcotráfico.

O Canal do Panamá, que foi concluído pelos Estados Unidos em 1914, foi devolvido ao país centro-americano no acordo de 1977, assinado pelo presidente democrata Jimmy Carter.

O Panamá retomou o controle total da passagem comercial em 31 de dezembro de 1999.

O ex-presidente panamenho Martín Torrijos (2004-2009), considerou, em uma mensagem no Instagram, que "qualquer tentativa" de tirar do Panamá a gestão do canal é "uma ofensa".

© Agence France-Presse

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