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Ataques com aviões não-tripulados matarão mais civis, diz Líbia

O senador republicano dos Estados Unidos John McCain (à direita) chegou a Benghazi, na Líbia. Ele é o primeiro político expressivo dos EUA a visitar o país desde o início da revolta contra Muammar Gaddafi  - Marwan Naamani/AFP
O senador republicano dos Estados Unidos John McCain (à direita) chegou a Benghazi, na Líbia. Ele é o primeiro político expressivo dos EUA a visitar o país desde o início da revolta contra Muammar Gaddafi Imagem: Marwan Naamani/AFP

22/04/2011 05h35Atualizada em 22/04/2011 06h56

O governo da Líbia disse que a decisão dos Estados Unidos de enviar avioes não-tripulados para o país como parte das operações da Otan causarão mais mortes de civis.

O vice-ministro das Relações Exteriores líbio, Khaled Kaim, disse em entrevista à BBC que mais ataques aéreos irão minar quaisquer argumentos por parte da Otan e dos Estados Unidos de que a operação militar no país representa um apoio à democracia na Líbia.

De acordo com Kaim, os aviões não-tripulados ''irão matar mais civis e isso é muito triste. Eles afirmam que estão apoiando a democracia. Apoiar a democracia, penso eu, é ajudar as pessoas a se sentarem juntas e conversarem juntas sobre o futuro''.

O vice-ministro líbio acrescentou ainda que ''cabe aos líbios escolher seu futuro'' e que isso não se dará com ''o envio de mais armamentos ou com a realização de mais ataques aéreos ou mais dinheiro e armamentos aos rebeldes. Creio que o que eles estão fazendo é antidemocrático e ilegítimo. Eu espero que eles revejam essa decisão.''

O secretário de Defesa americano, Robert Gates, comentou que os aviões não-tripulados Predator, armados com mísseis, teriam condições de atingir alvos militares do regime líbio de forma mais eficaz.

Gates negou que o envio dos aviões represente um aumento do envolvimento americano na Líbia.

Autorização

O secretário de Defesa afirmou que a autorização para o uso dos aviões Predator já foi dada pelo presidente Barack Obama.

"O presidente disse que, onde temos algumas capacidades únicas, ele está disposto a usá-las", disse Gates, em entrevista à imprensa.

"E na verdade ele aprovou o uso de aviões Predator armados, e eu acho que hoje será a sua primeira missão", afirmou.

Aviões não-tripulados já são usados pelos Estados Unidos na fronteira do Afeganistão com o Paquistão.

O secretário de Defesa disse que a decisão de usar os aviões na Líbia se deve "à situação humanitária" no país e dará "precisão" às ações americanas.

Segundo Gates, o envio dos aviões à Líbia representa uma "modesta contribuição" dos Estados Unidos aos esforços da comunidade internacional.

Os Estados Unidos participam dos esforços coordenados pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), em apoio aos rebeldes que lutam contra o regime do líder líbio, Muammar Gaddafi.

A ação militar na Líbia foi autorizada no mês passado por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, com o objetivo de proteger os civis de ataques das forças leais a Gaddafi.

Os rebeldes controlam parte do leste do país, mas as forças de Gaddafi dominam boa parte do oeste e a capital, Trípoli.

Nesta quinta-feira, os rebeldes assumiram o controle de um posto na fronteira com a Tunísia, em uma ação considerada um raro avanço contra as tropas leais a Gaddafi no oeste do país.