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Dilma tem 1ª reunião com líder hondurenho após crise que derrubou Zelaya

A presidente Dilma Rousseff e o líder hondurenho Porfírio Lobo - Ricardo Stuckert/Presidência da República
A presidente Dilma Rousseff e o líder hondurenho Porfírio Lobo Imagem: Ricardo Stuckert/Presidência da República

10/12/2011 15h18

A presidente Dilma Rousseff se reuniu neste sábado, em Buenos Aires, com seu colega hondurenho, Porfírio Lobo, em um sinal de normalização das relações entre os dois países após a deposição de Manuel Zelaya, em 2009.

Dilma está na capital argentina para participar da cerimônia de posse da presidente reeleita Cristina Kirchner.

No encontro, segundo assessores do Palácio do Planalto, Dilma disse a Lobo que estava satisfeita com a reconciliação nacional dos hondurenhos e com a reincorporação de Honduras nos fóruns internacionais. Dilma não fez declarações à imprensa antes ou depois do encontro.

Esta foi a primeira reunião entre a presidente e seu colega hondurenho desde que ela tomou possem, em janeiro, e desde que ele foi eleito, em novembro de 2009, após a crise política que culminou na saída do ex-presidente Zelaya.

Os eventos em Honduras contaram com o envolvimento direto do Brasil, com a gestão do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na ocasião, Zelaya recebeu asilo na embaixada do Brasil até deixar o país, partindo para o exílio na Republica Dominicana. O ex-presidente voltou a Honduras em maio deste ano.

Relações normalizadas

"As relações entre Brasil e Honduras estão normais. O Brasil sempre disse que as relações seriam retomadas após o retorno de Zelaya a Honduras e com seus direitos políticos restabelecidos", disse o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota.

O ministro afirmou ainda que o Brasil está ampliando a presença nos países da América Central, inclusive em Honduras, o que inclui investimentos em diferentes setores.

Por sua vez, Lobo disse que pediu o encontro com Dilma porque quer intensificar as relações com o Brasil, "um país importante para Honduras e ao qual temos muito carinho".

Após sua eleição, Lobo não foi reconhecido pelos países do Mercosul, que deram solidariedade a Zelaya, mas ele obteve o reconhecimento de outros países, como Estados Unidos, Canadá e Colômbia.

Em entrevista a jornalistas brasileiros, o presidente hondurenho afirmou que assumiu a presidência "com muito conflito interno, e o desafio da família hondurenha foi a reconciliação".

Ele disse que esta reconciliação já existe, afirmando que "insistiu muito" para o retorno de Zelaya ao país, e que, apesar de serem opositores, "esta situação política em Honduras já foi superada".

Projetos de infraestrutura

O presidente afirmou que Honduras precisa do apoio econômico do Brasil na realização de seus projetos na área de infraestrutura, que contam com a participação do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

"Também nos interessa muito os programas sociais que vocês possuem, como o bolsa família. Temos um programa que praticamente copiamos do exemplo do Brasil", disse Lobo.

"Hoje contamos também com investimentos de empresas brasileiras em Honduras. Estamos mudando dramaticamente a nossa matriz energética. Quase 80% da nossa energia é térmica e vamos construir hidrelétricas. Temos com o Brasil também projetos de estradas, projetos agrícolas, e tudo isso é muito interessante porque o Brasil é um país que muito admiramos."

Lobo disse que está envolvido em conversações com empresas brasileiras que se envolveriam nestes projetos, como a Odebrecht e OAS.

O presidente afirmou ainda que enviará uma missão de seu governo ao Brasil para ver de perto diferentes programas na área de segurança, como as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), implementadas no Rio de Janeiro.