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Testemunhas relatam caos e perplexidade logo após explosão em Bangcoc

Pornchai KittiwongsakulI/AFP
Imagem: Pornchai KittiwongsakulI/AFP

17/08/2015 15h30

A detonação de uma bomba em uma área lotada de Bangcoc, capital da Tailândia, gerou perplexidade no país asiático.

Pelo menos 19 pessoas morreram e 123 ficaram feridas na explosão no templo Erawan, uma área muito frequentada por turistas. Não se tem notícia de atentado prévio dessa magnitude na capital tailandesa.

Testemunhas ouvidas pela BBC relatam cenas de caos e devastação no local. O escritório da BBC em Bangcoc fica muito perto do templo, e o produtor da BBC James Sales tentou ajudar algumas das vítimas.

"Ouvimos a explosão de dentro da redação, as janelas tremeram violentamente", disse Sales.

Os jornalistas tentaram ver o que tinha acontecido, mas o local onde a explosão ocorreu fica escondido entre prédios, então eles tiveram que descer até a rua.

"Quando descemos e entramos no local, sentimos o cheiro de explosivos. Quando chegamos mais perto - e (o local da explosão) é literamente entre 30 e 50 metros de distância do escritório da BBC - infelizmente havia muitas partes de corpos. Havia um sujeito cujos tronco, o corpo, havia sido cortado (ao meio)."

Sales conseguiu entrar nas dependências do templo Erawan.

"Quando entrei, infelizmente vi muitos corpos. Contei pelo menos nove."

O jornalista da BBC afirma que a área fica repleta de gente na maior parte do tempo - sempre cheia de turistas, em sua maioria chineses.

"Levei equipamento de primeiros socorros e tentei fazer ressuscitação cardiopulmonar em um senhor chinês que tinha cerca de 40 anos. Mas, infelizmente, ele não resistiu", afirmou Sales.

O produtor ainda tentou prestar os primeiros socorros em outras vítimas, pois os paramédicos ainda não tinham chegado.

Férias

Maired Campbell é uma funcionária da BBC que está passando férias em Bangcoc. Ela visitou o templo Erawan no sábado.

"Nosso hotel é muito, muito perto de onde a bomba explodiu. Ouvimos um estrondo e fomos até a recepção, onde nos disseram para não sair. Seguimos o conselho, mas uma hora ou duas depois, escapamos para fora (do hotel)."

"O local estava isolado e equipes de emergência ainda estavam lá. Descrevo a cena como caótica."

"Visitamos o templo no sábado. É o mais central de Bangcoc e muito popular", afirmou.

"Até agora eu estava me sentindo muito segura. Planejávamos passar apenas dois dias em Bangcoc, mas adoramos o lugar e decidimos ficar mais. Tivemos tanta sorte de ter passado a tarde no hotel em vez de sair", acrescentou.

Richard Sri-kureja ia a pé para um shopping perto do templo quando a bomba foi detonada.

"Houve caos total. Eles bloquearam a área, todo mundo corria em todas as direções", disse Richard à BBC. "Cerca de cinco minutos depois, a polícia e as ambulâncias correram para o local. Eu contei cerca de 20 ambulâncias."

"Geralmente aquela área é muito, muito lotada porque é no meio da cidade", acrescentou.

Segundo Sri-kureja, os primeiros socorros foram prestados às vítimas já no local, de forma improvisada.

"Alguns amigos me falaram que os hotéis da região estão cheios de pacientes feridos (...). Vi uma família e eles estavam sangrando muito, todo mundo tentava ajudar. Naquela hora as ambulâncias ainda não tinham chegado, então eles estavam cercados de pessoas que tentavam ajudar como podiam."

Até a tarde desta segunda-feira, ninguém havia reivindicado o ataque. O ministro da Defesa tailandês, Prawit Wongsuwon, disse que os autores do atentado "alvejaram estrangeiros (...) para prejudicar o turismo e a economia" do país.

Não há histórico de ataques dessa dimensão na capital tailandesa. Uma possibilidade aventada é de que a explosão tenha sido obra de insurgentes malaios muçulmanos do sul, que há mais de uma década combatem o governo do país. No entanto, esses insurgentes nunca alvejaram Bangcoc, e suas ações têm provocado cada vez menos mortes.

Turbulências políticas já ocasionaram alguns ataques a bomba menores, perpetrados por grupos rivais - mas, novamente, nada com a dimensão do ocorrido nesta segunda-feira.

O templo atacado é popular entre turistas chineses, levantando a hipótese de que o atentado tenha conexão com os uigures - grupo muçulmano de origem túrquica que habita o extremo oeste chinês e se queixa de perseguição por parte de autoridades chinesas.

No mês passado, mais de cem uigures foram deportados da Tailândia à China, algo que provocou protestos. Mas, ainda que haja elementos de violência no movimento uigur, seria surpreendente que ele fosse o responsável por um ataque em tão larga escala.