'Mantemos compromisso com Michel Temer', diz líder do PSDB sobre caso Geddel
O líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Antônio Imbassahy, mantém seus elogios ao ex-ministro da Secretaria do Governo, o peemedebista Geddel Vieira Lima, e nega que seu partido planeje ganhar poder em meio à nova crise que afeta o gabinete de governo Michel Temer.
"Não existe propósito de fortalecimento do PSDB com tudo isso", disse Imbassahy na manhã desta sexta-feira à BBC Brasil.
"O PSDB mantém seu apoio, seu compromisso com o país e com o governo Michel Temer", frisou o líder do partido por telefone, enquanto se encaminhava ao Palácio da Alvorada para um almoço com o presidente da República.
- De escalado de última hora a pivô de escândalo: quem é Marcelo Calero
- Que consequências uma anistia ao caixa 2 poderia trazer para a Lava Jato?
Além de Imbassahy, caciques tucanos como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o senador e presidente nacional da legenda Aécio Neves e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, participam do almoço.
"O encontro já estava marcado, não tem a ver com Geddel", afirmou Imbassahy.
Auxiliares do partido, entretanto, afirmam que o pedido de demissão do ex-ministro, acusado pelo ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, de pressioná-lo para liberar uma obra em que tem interesse pessoal, "inevitavelmente" será pauta do almoço.
"Digamos que agora eles terão mais um assunto pra discutir", diz um deles, reservadamente.
O propósito inicial do almoço era aproveitar um encontro nacional de prefeitos tucanos, em Brasília, para "revelar ao presidente a força nacional do partido", que elegeu 803 prefeitos na última eleição.
'Excelente conteúdo'
Depois de Calero, Romero Jucá (Planejamento), Henrique Alves (Turismo), Fábio Osório (AGU) e Fabiano Silveira (Transparência), Geddel é o sexto ministro a deixar o governo Temer em sete meses.
A situação dele se complicou quando o ex-ministro da Cultura prestou depoimento à Polícia Federal dizendo que foi pressionado para liberar a construção de um prédio embargado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Geddel assume que comprou uma unidade no prédio, mas nega pressão.
O próprio presidente da República, segundo Calero, teria intervindo a favor de Geddel, "enquadrando" o ex-ministro da Cultura a resolver o impasse.
Na avaliação de Imbassahy, o ministro recém-afastado "fez uma carta de demissão de excelente conteúdo".
No texto, dirigido ao "fraterno amigo Michel Temer", Geddel afirma que as críticas se "avolumaram" e pede desculpas pela "dimensão" alcançada pelo caso.
"Sigo como ardoroso torcedor do nosso governo, capitaneado por um presidente sério, ético e afável no trato com todos", prossegue Geddel.
Para o líder tucano, Temer agiu bem ao não afastar Geddel assim que as denúncias vieram à tona.
"O presidente tem experiência suficiente e conhece bem os seus amigos. Certamente soube avaliar o quadro da situação e tomou a melhor decisão."
O ex-ministro Calero, de outro lado, é alvo de declarações públicas de desconfiança das principais lideranças do PSDB.
"Se ele realmente gravou o presidente, é uma coisa condenável. Merece uma investigação e também ser submetido às consequências legais", avalia Imbassahy.
Aécio e Alckmin
Mais cedo, Aécio Neves adotou tom similar.
"Não acho adequado, não acho compreensível que um ministro de Estado entre com um gravador para gravar uma conversa com o presidente da república. Não me parece algo ético", afirmou o líder.
O senador tucano prosseguiu, em defesa do presidente peemedebista. "Na minha avaliação, do PSDB, nem de longe esse episódio atinge o senhor presidente Michel Temer."
A afirmação contraria especulações sobre uma eventual pressão de tucanos sobre Temer, que depende do apoio do partido para manter maioria no Congresso.
Na última segunda-feira, três dias antes da demissão, líderes tucanos e de outros 12 partidos escreveram uma carta de apoio irrestrito a Geddel.
Fernando Henrique Cardoso foi mais comedido. "(Temer) É o que temos", disse na saída do encontro de prefeitos na Câmara. "Não adianta fazer muita especulação."
Para Geraldo Alckmin, "substituição de cargo de confiança é normal".
"(Temer) conta integralmente (com o PSDB) nas medidas todas de interesse do povo brasileiro."
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.