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"Sorrir é mais importante do que gritar": britânica viraliza ao desafiar protesto de extrema-direita

A imagem do enfrentamento pode "dar esperança sobre o poder das pessoas e comunidades que se opõem à EDL" - Joe Giddens/PA via AP
A imagem do enfrentamento pode "dar esperança sobre o poder das pessoas e comunidades que se opõem à EDL" Imagem: Joe Giddens/PA via AP

10/04/2017 18h36

A foto de uma jovem sorrindo ao enfrentar um militante da organização de extrema-direita English Defense League (EDL) em Birmingham, na Inglaterra, foi compartilhada milhares de vezes nas redes sociais desde que foi tirada, em uma manifestação no último sábado.

Falando à BBC, Saffiyah Khan disse estar "surpresa" pelo sucesso da foto, que registra o momento em que ela diz ter intervindo para defender uma mulher local.

"A imagem acabou se tornando muito poderosa, e a experiência de ela ter se tornado viral é estranha. Mas dá um pouco de esperança sobre o poder das pessoas e comunidades que se opõem à EDL", afirmou.

"Às vezes é mais importante sorrir do que gritar. Eu até gritei bastante, não vou dizer que não. Mas (sorrir) é uma mensagem mais poderosa na maior parte do tempo."

Em sua página no Facebook, a EDL diz que ela fazia parte de um grupo que interrompeu um minuto de silêncio em homenagem às vítimas do ataque em Estocolmo, capital da Suécia, ocorrido na última sexta-feira.

A jovem, no entanto, diz que não fazia parte de nenhum contraprotesto.

"As pessoas que me conhecem sabem que eu respeitaria um minuto de silêncio vindo de qualquer grupo. Mas vídeos do momento provam que não estava acontecendo um minuto de silêncio enquanto eu estava lá. É uma tentativa de me difamar porque a situação está a meu favor."

Khan afirma que interviu para ajudar uma mulher que teria chamado os manifestantes de "islamofóbicos" e sido cercada por um grupo. "Não gosto de ver pessoas serem intimidadas por gangues na minha cidade."

Sem intimidação

Desde 2012, a EDL organiza manifestações contra o que diz ser uma "penetração do Islamismo e da Sharia (lei islâmica) no Reino Unido".

O grupo se descreve como antirracista e diz protestar contra o Islamismo radical, mas é frequentemente considerado islamofóbico por críticos.

No último sábado, membros do movimento de extrema-direita se reuniram na praça Centenary, em Birmingham.

Khan, que nasceu no Reino Unido e tem ascendência paquistanesa e bósnia, disse que inicialmente estava "se mantendo longe" da manifestação.

No entanto, quando a mulher criticou o grupo por sua posição em relação a muçulmanos, ela decidiu fazer algo.

"Um grupo de 25 homens fortes da EDL a cercou. Ela estava completamente rodeada deles. Eu entrei ali e disse que eu a apoiava", relembra.

A jovem afirmou que o grupo de homens dizia à mulher que ela "não é britânica" e a questionava sobre o Islã.

Depois que ela manifestou seu apoio, os manifestantes a cercaram, o que fez com que a cena fosse registrada por um fotógrafo da agência Press Association.

Khan diz que "não ficou nem um pouco intimidada", mas disse à Press Association que não sabia que o homem que a confronta na foto era o líder da organização, Ian Crossland.

"Ele (o manifestante da EDL que aparece na foto) pôs o dedo na minha cara. Foi muito agressivo. Um policial chegou perto e o homem tirou o dedo da minha cara. Eu não teria respondido com violência."

Ela admite que chegou a dizer "saia das nossas ruas, escória racista" a Crossland.

Segundo a jovem, seu pai a ensinou a enfrentar o preconceito.

O fundador e ex-líder da EDL, Tommy Robinson, disse no Twitter que tinha confirmação de que Khan estava defendendo uma mulher que usava um hijab (tipo de véu usado por muçulmanas). Segundo ele, a foto é "vergonhosa" para a EDL.

"Por que se zangar com uma mulher, seja o que for que ela estivesse dizendo?", escreveu.