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As vantagens e desvantagens do cada vez mais popular coletor menstrual

29/10/2017 22h25

"Queria ter descoberto antes, é maravilhoso", é o que diz um número cada vez maior de mulheres que, nos últimos anos, começaram a usar o coletor menstrual - que recolhe o sangue da menstruação em um pequeno copo de silicone inserido no canal vaginal.

A ideia não é nova: os copinhos de coleta menstrual começaram a ser produzidos industrialmente nos anos 1930, com altos e baixos em seu uso ao longo das décadas.

Recentemente, o método se tornou mais popular, graças ao uso de materiais que os tornaram mais confortáveis e hipoalergênicos, além de menos poluentes.

Muitas mulheres começaram a usar o coletor por causa da propaganda boca a boca, especialmente nas redes sociais.

Em um número cada vez maior de fóruns, comunidades e grupos de discussão, elas compartilham experiências, dicas e dúvidas sobre o tema.

No Facebook, há grupos para marcas e até cidades diferentes, exclusivamente sobre o coletor menstrual. Uma das páginas chega a ter mais de 15 mil curtidas.

A BBC conversou com fabricantes e usuárias do copinho para entender suas principais vantagens e desvantagens.

Vantagens

1. Preço: Mesmo que sejam mais caros inicialmente - custam entre R$70,00 e R$120,00, a depender da marca - a longo prazo o coletor é mais econômico, já que elimina a necessidade de comprar absorventes mensalmente.

De acordo com o fabricante de coletores Mooncups, o copinho compensa seu preço em cerca de seis a oito meses. E ele pode durar até 10 anos.

2. Autonomia: Diferentemente dos absorventes, que devem ser trocados em intervalos de poucas horas, os coletores menstruais só precisam ser retirados, esvaziados e lavados aproximadamente a cada 12 horas - apesar de que essa recomendação varia de acordo com o fabricante.

Uma das usuárias, entrevistada pela BBC, Marta (sobrenome omitido a pedido da entrevistada), diz que os coletores "são ideais para situações nas que a pessoa vai ficar muitas horas fora em lugares onde é difícil se trocar, como na praia ou no camping".

3. Conforto: Para muitas mulheres, cujo fluxo menstrual é pouco, os coletores são particularmente úteis. Os protetores comuns absorvem a umidade vaginal e podem ressecar a vagina, causando desconforto. O copinho, não.

Algumas usuárias afirmam que a sensação de usar o copo de silicone é "mais natural", já que ele é colocado dentro do canal vaginal.

Também é menor o risco de "Síndrome do Choque Tóxico" (SCT), uma doença rara que pode estar associada ao uso de absorventes internos durante mais de oito horas.

4. Sustentabilidade: Como é reutilizável, o coletor também acaba com a necessidade de embalagens plásticas, caixas e aplicadores. Além disso, não produz resíduo plástico.

Desvantagens:

1. Adaptação: Pode levar alguns meses para que a mulher se adapte a colocar e retirar o coletor, e deixe de sentir incômodo com o cabo de silicone que fica fora do canal vaginal.

A depender do fabricante do copo de silicone, também é preciso ficar atenta ao tamanho adequado: em geral, há dois tamanhos. A escola depende de fatores como altura do colo do útero e fluxo menstrual.

Em alguns casos, também é necessário usar, além do coletor, um absorvente fino, para evitar vazamentos.

Além disso, a maior parte das usuárias entrevistadas pela BBC diz que, no início, parece mais trabalhoso usar o copinho, por causa da necessidade de removê-lo periodicamente para limpar.

2. Contato com o sangue: Para algumas usuárias, o uso do coletor é um desafio porque aumenta o contato com o sangue menstrual. É preciso retirar e esvaziar o copo a cada 12 horas, afinal.

Para Marta, o contato é benéfico para as mulheres, já que o sangramento mensal, é "algo natural que se tornou um tabu".

Se a pessoa é mais sensível ao sangue, no entanto, pode não ser a melhor opção.

3. Higienização: Como é preciso lavar o coletor depois de esvaziá-lo, é preciso ter acesso a um banheiro onde isso possa ser feito com privacidade.

Algumas mulheres, por exemplo, dizem levar consigo uma garrafa de água, para que possam higienizar o copo em banheiros públicos. Outras esperam para fazê-lo apenas em casa, já que podem usar o método por até 12 horas seguidas.

Potencial 'revolucionário'

Em muitos países em desenvolvimento, onde o acesso a absorventes é caro e difícil, a menstruação impede que garotas vão à escola ou participem em atividades sociais.

Diversos projetos recentes em países do continente africano demonstraram que o uso de coletores menstruais por meninas em idade escolar teve um grande impacto tanto em sua educação como em sua vida pessoal.

Para muitas delas, no entanto, o preço inicial do método o torna inacessível, a não ser que ele seja fornecido por organizações de caridade.

Além disso, dificuldades de acesso à água limpa e problemas para manter a higiene do coletor podem facilitar a ocorrência de infecções.