'Não ficarão sem consequências': como a Rússia e outros aliados da Síria reagiram aos ataques liderados pelos EUA
Rússia e Irã, os principais aliados da Síria, criticaram fortemente os ataques coordenados de Estados Unidos, Reino Unido e França contra o regime do presidente sírio Bashar al-Assad.
A ofensiva foi anunciada pelo presidente americano, Donald Trump, na noite de sexta-feira.
O governo russo alertou que os Estados Unidos deveriam esperar algum tipo de retaliação pelos bombardeios.
Por meio de um comunicado, o embaixador da Rússia nos Estados Unidos, Anatoly Antonov, disse que "tais ações não serão deixadas sem consequências".
O presidente russo, Vladimir Putin, classificou os ataques como "um ato de agressão" e pediu a convocação de uma reunião de emergência na ONU.
O Ministério de Defesa do país afirmou que os ataques não atingiram áreas perto das bases aéreas e navais da Rússia na Síria.
"Nenhum dos mísseis lançados pelos Estados Unidos e seus aliados entraram na zona de responsabilidade das defesas aéreas russas que protegem instalações em Tartous e Humaymin", informou a pasta em nota, segundo a agência de notícias RIA Novosti.
Em 2015, a campanha aérea lançada pela Rússia em apoio ao presidente Bashar al-Assad provou-se crucial para virar a maré a favor do líder sírio.
O governo russo também ironizou que a Síria conseguiu interceptar mísseis americanos usando defesas antiaéreas antigas.
"Os sistemas de defesa antiaéreas sírios S-125, S-200, Buk e Kvadrat foram usados para repelir os ataques com mísseis. Esses sistemas de defesa foram fabricados há mais de 30 anos na União Soviética", informou o Ministério de Defesa russo segundo a agência de notícias local Interfax.
A porta-voz da chancelaria russa, Maria Zakharova, escreveu no Facebook: "Aqueles por trás disso (ataques) reivindicam liderança moral no mundo e declaram que são excepcionais. É preciso ser realmente excepcional para bombardear a capital da Síria em um momento em que a cidade ganhou uma chance de um futuro pacífico".
Já o Irã, o principal aliado da Síria no Oriente Médio, denunciou "uma agressão tripla" e também alertou para "consequências regionais", informou a TV al-Manar, controlada pelo grupo extremista Hezbollah.
Segundo a agência de notícias AFP, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país, Bahram Ghasemi, afirmou que "os Estados Unidos e seus aliados não têm prova e, sem sequer esperar por uma posição da Organização para a Proibição às Armas Químicas, realizaram este ataque militar...e são responsáveis pelas consequências regionais (dele)".
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, engrossou o coro. Para ele, o ataque contra a Síria é um "crime sem ganhos".
Khamenei também acusou de "criminosos", o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o presidente da França, Emmanuel Macron, e a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May.
Acredita-se que o Irã tenha deslocado centenas de militares e gastado bilhões de dólares para ajudar Assad durante a guerra civil.
Milhares de milicianos muçulmanos xiitas armados, treinados e financiados pelo Irã - muitos dos quais integram o grupo extremista Hezbollah, mas também do Iraque, Afeganistão e Iêmen - também vêm ao lado das forças do governo sírio.
Em resposta ao ataque, o Hezbollah disse, por meio de um comunicado, que "a guerra que os Estados Unidos estão lutando contra a Síria, contra a população da região e movimentos de libertação e resistência, não cumprirá seus objetivos".
Foi o segundo ataque militar coordenado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, contra o regime do presidente sírio Bashar al-Assad em pouco mais de um ano.
Seria uma retaliação ao suposto uso de armas químicas contra rebeldes em Douma, na periferia da capital síria, Damasco, no último sábado.
A Síria nega e insiste que as acusações foram fabricadas.
No último sábado, imagens chocantes de adultos e crianças sofrendo sintomas do que parecia ser um ataque químico correram o mundo.
Não há comprovação de uso de armas químicas, mas os sintomas observados nas vítimas na cidade de Douma, um reduto rebelde na periferia da capital da Síria, Damasco, indicam possível uso de agentes como o cloro e o sarin, que atuam no sistema nervoso e teriam provocado a morte de, pelo menos, 40 pessoas.
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