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Mãe reencontra filho após processar governo Trump por separação

Beata Mejía Mejía com Darwin Micheal, seu filho de sete anos, antes de serem separados: "Ninguém me falou para onde ele estava sendo levado", diz ela - BBC
Beata Mejía Mejía com Darwin Micheal, seu filho de sete anos, antes de serem separados: 'Ninguém me falou para onde ele estava sendo levado', diz ela Imagem: BBC

Patricia Sulbarán Lovera - Da BBC News Mundo em Los Angeles

22/06/2018 15h07

Na última terça-feira, uma mãe latino-americana processou o governo de Donald Trump por separá-la do seu filho de sete anos, após uma tentativa de ingressarem ilegalmente nos Estados Unidos. Nesta sexta-feira, após mais de um mês separados, mãe e filho finalmente se reencontraram.

Beata Mariana de Jesús Mejía Mejía e seu filho Darwin Micheal são da Guatemala. No final de maio, eles tentaram cruzar a fronteira dos Estados Unidos com o México. Mas, dois dias depois, foram pegos e separados. "Eles pegaram o meu filho sem nenhuma explicação", lembra a mãe.

Mejía Mejía acabou sendo conduzida para um centro de detenção no Estado americano de Maryland. Já o filho foi mandado para um centro de acolhimento no Estado do Arizona, sem o conhecimento da mãe.

Darwin é uma das 2 mil crianças que foram separadas dos pais à força, depois de cruzarem a fronteira ilegalmente. A medida é parte da "política de tolerância zero" dos Estados Unidos para imigração, anunciada há dois meses pelo governo Trump.

O presidente americano foi durantemente criticado e, na quarta-feira, voltou atrás na separação de pais e filhos. Em sua defesa, tem dito que sua administração está sendo forçada a tomar essa medida "por causa de leis herdadas do governo Obama".

No entanto, embora a lei que embasa a detenção dos pais seja de fato a mesma que estava vigente no governo anterior, a separação de famílias é resultado da nova política de Trump, que passou a considerar crime, e não contravenção, a travessia ilegal da fronteira.

Ainda não há previsão para reunir as famílias que já foram separadas. No caso de Mejía Mejía, o reencontro ocorreu nesta sexta-feira. "Olhe para ele, ele está triste", disse a mãe para repórteres que testemunharam o reencontro. "Mas estamos juntos agora. E nunca mais ninguém irá nos separar."

'Eles levaram meu menino e depois me trancaram'

Mejía Mejía cruzou a fronteira do México com os Estados Unidos perto de San Luis, no Estado do Arizona, "por volta de 19 de maio", de acordo com o texto do processo que move contra o governo americano.

"No sábado (19 de maio), eu o levava nos meus braços. Ele ficou comigo no domingo e na maior parte da segunda-feira. Mas, então, levaram ele de mim e não nos vimos novamente", relata a mãe. Segundo ela, nenhum funcionário do governo americano lhe deu qualquer informação sobre para onde haviam levado seu filho.

Depois de 11 dias de detenção, Mejía Mejía foi transferida para outro Estado, Maryland. Lá, solicitou mais informações sobre a localização do filho. "Eu recebi um número de telefone, mas eu ligava e ninguém atendia", falou Mejía Mejía. "Eu chamei, chamei, mas o telefone nunca atendeu. Eu não sabia nada sobre o meu filho."

Em 15 de junho, depois de pagar fiança, Mejía Mejía foi libertada. Além disso, as autoridades americanas de imigração iniciaram a tramitação de seu pedido de asilo. Mejía Mejía alega que, na Guatemala, sofria violência doméstica e era ameaçada por seu parceiro.

Em seguida, Mejía Mejía foi autorizada a falar com Darwin ao telefone pela primeira vez desde que haviam sido separados. "Eu senti que ele estava triste. Ele não é assim, é um garoto alegre."

Primeira tentativa de reencontro foi cancelada

O reencontro de mãe e filho estava previsto para a última quarta-feira. Mas, horas antes, Mejía Mejía foi avisada de que isso não iria mais ocorrer. "Foi como se tivessem esfaqueado meu coração", disse à BBC News Mundo.

"Eu falei com meu menino e disse: a gente vai se ver em breve, filho. Mas, infelizmente, ele não foi liberado e eu fiquei sem entender. Ele é tão pequeno", disse Mejía Mejía.

O escritório de advocacia que representa Mejía Mejía afirmou que o governo não forneceu nenhuma informação sobre o motivo do cancelamento. "Eles não podem pegar uma criança e separá-la de sua mãe", diz o advogado Mike Donovan. "E, além de tudo, dar informações erradas ou nenhuma informação sobre a criança."

Mejía Mejía quer uma indenização. "Meu sofrimento é grande, mas eu vou lutar até o fim".

A BBC questionou autoridades americanas sobre o caso, mas não obteve retorno.