Polícia britânica divulga nome de suspeitos de envenenar ex-espião russo e filha
Dois cidadãos russos foram apontados como suspeitos de terem suspeitos de terem envenenado o ex-espião russo Sergei Skripal e sua filha, Yulia, em março deste ano. O ataque ocorreu em Salisbury, na Inglaterra. As vítimas sobreviveram.
Há "provas suficientes" para acusar Alexander Petrov e Ruslan Boshirov pelo ataque, dizem a Scotland Yard - a polícia metropolitana de Londres - e a CPS, sigla para Crown Prosecution Service, ligada ao Ministério Público da Inglaterra e do País de Gales. Skripal, de 66 anos, e sua filha Yulia, de 33 anos, foram envenenados com o agente nervoso Novichok.
Acredita-se que os dois homens acusados do crime sejam oficiais do serviço de inteligência militar da Rússia e que eles estavam usando identidades falsas. A motivação e o possível atual paradeiro deles não foram revelados.
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A Rússia tem negado qualquer envolvimento nos envenenamentos. E afirmou, por meio do Ministério das Relações Exteriores, que os nomes e fotografias dos dois "não significam nada para Moscou".
Em declaração feita nesta quarta-feira na Câmara dos Comuns, equivalente à Câmara dos Deputados do Brasil, a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, ressaltou, no entanto, que o envenenamento "não foi uma operação não autorizada".
Foi , disse ela,"quase certamente" aprovado em um alto escalão do Estado russo.
May afirmou ainda que o governo concluiu, a partir de informações fornecidas por agências britânicas, que os homens faziam parte do serviço de inteligência da GRU, a agência de inteligência das Forças Armadas da Rússia.
Acusações
Sue Hemming, diretora de serviços jurídicos do CPS, afirmou que há provas suficientes "para fornecer uma perspectiva realista de condenação" e que "é claramente de interesse público acusar Alexander Petrov e Ruslan Boshirov".
Segundo ela, o CPS não está pedindo a extradição deles, já que a Rússia não possui acordos de extradição com o Reino Unido, mas foi expedido um mandado de detenção com abragência em toda a União Europeia, caso viajem por esse território.
Os crimes pelos quais estão sendo acusados incluem conspiração para assassinar Sergei Skripal e a tentativa de assassinato dele, de Yulia Skripal e de Nick Bailey, detetive que acabou também envenenado ao atender a ocorrência.
Os homens também teriam cometido delitos pela posse de Novichok, que contraria a Lei de Armas Químicas, e por provocar de forma intencional lesões corporais a Yulia Skripal e Nick Bailey, que permanece afastado do trabalho.
A Polícia Metropolitana disse que os dois chegaram ao aeroporto de Gatwick, em Londres, a partir de Moscou no dia 2 de março.
Eles ficaram no City Stay Hotel em Bow Road, leste de Londres, antes de viajarem para Salisbury em 4 de março, onde teriam contaminado a porta da frente da casa dos Skripal com Novichok.
Os policiais acreditam que um frasco de perfume modificado foi usado para pulverizar a porta.
Outras vítimas
Meses depois do ataque aos Skripal, um casal britânico foi contaminado com o mesmo agente nervoso, em uma cidade próxima, e foi oficialmente confirmado que há conexão entre os casos.
Charlie Rowley, de 45 anos, e Dawn Sturgess, de 44, passaram mal em uma casa na cidade de Amesbury, localizada em Wiltshire, a 13 km ao norte de Salisbury, onde os Skripal foram vítimas do ataque.
Eles teriam manuseado um frasco de perfume contaminado com restos do Novichok.
A mulher morreu no hospital em 9 de julho. Rowley sobreviveu e teve alta no dia 20 do mesmo mês.
"Nós agora associamos o ataque aos Skripals aos eventos em Amesbury que afetaram Dawn Sturgess e Charlie Rowley", disse o comissário-assistente da Scotland Yard, Neil Basu, chefe do policiamento antiterrorismo do Reino Unido.
"Não acreditamos que Dawn e Charlie tenham sido escolhidos deliberadamente como alvos, mas se tornaram vítimas como resultado da imprudência com a qual um agente nervoso tão tóxico foi descartado".
Frasco contaminado
A polícia disse que Sturgess e Rowley foram expostos ao Novichok depois de manusear um frasco de perfume, cujo rótulo - falsificado - indicava ser da marca francesa "Nina Ricci".
Rowley disse à polícia que encontrou a caixa contendo o frasco e um aplicador dentro de uma caixa onde são depositados roupas e outros itens doados para a caridade.
Ao tentar juntar as duas partes, ele teve contato com o conteúdo. Sturgess, por sua vez, aplicou o suposto perfume nos pulsos.
A garrafa, cujo pulverizador estava adulterado, continha uma "quantidade significativa" de Novichok, disse a Scotland Yard.
Basu disse: "Ainda não sabemos onde os suspeitos descartaram o Novichok que usaram na porta, onde Dawn e Charlie conseguiram a garrafa que os envenenou, ou se se trata da mesma garrafa usada em ambos os envenenamentos".
A reação na Rússia
Programas de TV políticos nos principais canais nacionais controlados pelo governo russo interromperam suas transmissões para comentar as notícias sobre o que chamam de "caso Skripal".
O assunto foi abordado na mídia, como anteriormente, com sarcasmo e descrença nas ações do governo britânico.
"Estamos esperando novas sanções, é claro - com prazer", disse um apresentadores, ao vivo, no canal Rossiya 1.
No Channel One, outro apresentador afirmou que, embora a Grã-Bretanha tenha levado "aproximadamente a metade de um ano" para dar nome aos suspeitos, sanções foram impostas à Rússia muito antes disso.
O ex-espião e a filha foram encontrados inconscientes, em março, no banco de um parque na cidade britânica de Salisbury, após deixarem um restaurante.
Na ocasião, o governo britânico culpou a Rússia e expulsou cerca de cem diplomatas do país da Grã-Bretanha. O governo russo, que negou envolvimento no caso, retaliou, expulsando diplomatas britânicos.
Os Skripal estão agora em um local não revelado.
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