Falta de caminhoneiros leva ameaça de desabastecimento ao Reino Unido
Filas se formam em postos de gasolina para abastecer carros. Governo anunciou medidas como vistos temporários para caminhoneiros para conter crise que pode afetar o Natal dos britânicos.
Longas filas de carros em postos de gasolina no Reino Unido ilustraram os temores da população britânica neste fim de semana: a de uma crise de desabastecimento desencadeada pela escassez de motoristas de caminhão.
A indústria de transporte do Reino Unido foi afetada nos últimos meses pela falta de motoristas de veículos pesados, o que impactou negativamente a cadeia de abastecimento de combustível em todo o país, e fez o governo anunciar medidas para mitigar o problema.
Consumidores no Reino Unido têm relatado também prateleiras vazias em diversos estabelecimentos por conta da interrupção da entrega. Algumas empresas, notadamente grandes redes de supermercados, já admitiram a falta de alguns produtos.
A crise dos caminhoneiros se deve a uma combinação da pandemia de covid-19, do Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia) e outros fatores.
A associação Logistics UK estima que precisa de cerca de 90 mil motoristas de veículos pesados, atribuindo a escassez à pandemia, mudanças fiscais, o Brexit, envelhecimento da força de trabalho, baixos salários e más condições de trabalho.
Na semana passada, a petrolífera British Petroleum (BP) anunciou que foi forçada a fechar "temporariamente" alguns de seus postos por falta de combustível.
Outras operadoras ligadas à petrolífera Esso também confirmaram que um "pequeno número" de seus postos de gasolina foi afetado.
Na manhã deste domingo (26/9), havia relatos de dezenas de carros esperando em filas em Londres, e diversos postos de gasolinas com cartazes dizendo não ter mais combustível.
Por outro lado, há postos que afirmam estar recebendo suprimentos e operando normalmente.
O governo britânico diz que não há falta de gasolina, e que os problemas com o fornecimento de combustível se resumem à corrida pela compra causada pelo pânico da população.
"Não há falta de combustível" e as pessoas devem ser "sensatas" e só abastecer quando precisam, disse o secretário de Transportes Grant Shapps no programa Andrew Marr, da BBC.
Shapps disse que estava introduzindo um "grande pacote" de medidas, incluindo vistos temporários para motoristas de veículos pesados, para ajudar a situação.
A medida visa a atrair motoristas de países da União Europeia que teriam deixado de entrar no Reino Unido por conta da burocracia introduzida como efeito do chamado Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia.
A exigência da papelada alfandegária criada pelo Brexit tornou a viagem mais demorada encarecendo o custo de transporte.
O secretário de transportes britânico disse que não queria "prejudicar" os trabalhadores do país, mas não podia ficar parado enquanto as filas se formavam.
Além disso, disse que a situação se recuperaria, pois, ao contrário da escassez de papel higiênico no início da pandemia, quando houve outra corrida de pessoas em pânico com medo de que haveria falta do produto, o combustível é difícil de armazenar.
Vistos temporários
Para impedir possíveis interrupções no período que antecede o Natal, o pacote do governo prevê que até 10.500 motoristas de caminhão e trabalhadores do setor avícola poderão receber vistos temporários para o Reino Unido.
O governo confirmou que 5 mil motoristas de caminhão poderão trabalhar no Reino Unido por três meses, até a véspera de Natal, além de 5.500 trabalhadores do setor avícola.
Mas a Câmara de Comércio Britânica disse que as medidas eram equivalentes a "jogar um dedal de água na fogueira".
Marc Fels, diretor de um centro de recrutamento de motoristas de veículos pesados, disse que os vistos para motoristas de caminhão eram "muito pouco" e vinham "muito tarde".
No entanto, a notícia foi bem recebida pela associação Logistics UK, que chamou a política de "um grande passo à frente na solução da interrupção das cadeias de abastecimento".
O British Poultry Council (grupo do setor avícola britânico) já avisou que pode não ter força de trabalho suficiente para processar tantos perus quanto antes neste Natal, porque historicamente depende da mão de obra da União Europeia.
Depois do Brexit, ficou mais difícil e caro usar trabalhadores de fora do Reino Unido, diz o grupo.
O Departamento de Transportes do Reino Unido disse reconhecer que a importação de mão de obra estrangeira "não será a solução de longo prazo" para o problema e que deseja que os empregadores invistam para construir uma "economia com altos salários e alta qualificação".
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