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Kim Jong-un poderá levar Coreia do Norte a maior abertura

Ana Lehmann

19/12/2011 13h42

Fora da Coreia do Norte pouco se sabe sobre Kim Jong-un, filho do falecido Kim Jong-il. Estima-se que ele tenha 20 e tantos anos. Consta também que tenha frequentado uma escola suíça e fale um pouco de alemão, inglês e francês. "Ele é descrito como uma pessoa acessível e simpática", diz Werner Pfennig, especialista em Coreia do Norte da Universidade Livre de Berlim.

"Kim Jong-un apartava brigas entre os colegas, possui algum conhecimento de língua estrangeira e gosta de basquete, mas esses não são necessariamente critérios que importam para alguém governar um país", completa o especialista. Não se sabe nada sobre a aceitação de Kim Jong Un por parte das elites norte-coreanas, das Forças Armadas e do aparato do Partido.

Preparação para a troca de poder

Em sua última visita à China, seu pai, Kim Jong-il, já havia acentuado a necessidade de preparar o caminho para "a geração que está crescendo". Junto do filho, o pai peregrinou no segundo semestre do ano passado por lugares históricos da China, que seu falecido pai (Kim Il-sung, o fundador da Coreia do Norte, chamado de "eterno presidente" do país), por sua vez, já havia visitado em sua companhia. Especialistas supõem que Kim Jong-il queria, com isso, dar sinais de que uma sucessão de pai para filho no cargo seria em breve conduzida e legitimada.

Sendo assim, Kim Jong-un deverá seguir o exemplo do pai Kim Jong-il e do avô Kim Il-sung, diz Werner Pfennig: "Antigamente era assim: o sucessor era nomeado, enquanto o antecessor ainda permanecia no cargo, para ir se desligando paulatinamente do dia a dia da política".

Neste caso, o espaço de tempo foi menor, já que o sucessor deverá assumir o cargo do pai apenas 14 meses após sua morte, como anunciou a agência norte-coreana de notícias KCNA: "Kim Jong-un encabeça agora a revolução, como líder supremo do Partido, das Forças Armadas e do povo".

Kim Jong-un: politicamente inexperiente

Especialistas acreditam que membros mais antigos do partido poderão ter dificuldades em apoiar um sucessor tão jovem – e tão politicamente inexperimente – como Kim Jong-un. As Forças Armadas também poderão desafiar sua autoridade.

No entanto, como é de praxe entre sucessões de dinastias, supõe-se que será formado de início um "conselho do trono", destinado a assessorar Kim, ou seja, um grupo de pessoas influentes irá manter o poder em suas mãos.

Mesmo assim, observadores estrangeiros acreditam que Kim Jong-un, devido a suas experiências em escolas no exterior, deverá demonstrar uma maior cooperação com parceiros internacionais que seu pai. "Acho que, com a mudança de poder iminente, há esperanças de uma política mais pragmática" no país, explica Werner Pfennig.

Espera-se, segundo o especialista alemão, "que seja possível a essa nova liderança em formação reconhecer que uma normalização na península coreana será útil para todos, fazendo com que recursos importantes, que são hoje destinados às forças militares, fluam para atividades civis. Toda a região iria se beneficiar", completa Pfennig.