Milhares abandonam tratamento de HIV/SIDA em Inhambane
Não se sabe ao certo quantas pessoas já abandonaram o tratamento do HIV/Sida na província moçambicana de Inhambane, mas as autoridades da saúde confirmam as desistências. Serão milhares os doentes que deixaram de aceder aos tratamentos na região.
Segundo as autoridades, a discriminação e as longas distâncias que os pacientes têm de percorrer para chegar às unidades de saúde mais próximas são algumas das razões que levam ao abandono do tratamento do HIV/SIDA.
Dinis Luís, Chefe do Departamento Provincial de Saúde Pública em Inhambane, afirma que estão em causa "questões comportamentais": "O estigma e a discriminação são grandes barreiras que fazer com que as pessoas desistam do tratamento".
Autoridades de saúde combatem dificuldades
Através da ajuda de uma organização norte-americana, o Plano de Emergência do Presidente dos EUA para Alívio do Sida (PEPFAR), em coordenação com o Centro de Colaboração de Saúde (CCS) de Inhambane, são distribuídos medicamentos e recolhidas amostras de sangue nas unidades sanitárias mais afastadas das vilas e cidades.
"Há viaturas regionais que fazem a distribuição dos medicamentos dos distritos às unidades de saúde periféricas e a recolha de sangue para análises laboratoriais em hospitais de referência", afirma Rinquês Cantilal, coordenador do CCS na província.
Está também em curso uma formação de ativistas como educadores de pares. "São seropositivos a receber tratamento antirretroviral que se deslocam às comunidades para procurarem doentes que abandonaram o tratamento", explica o coordenador.
Abandono do tratamento tem consequências imediatas
Fernando Nhapossa, residente na cidade de Inhambane, recebe tratamento antirretroviral desde 2006. "Estava sempre com febre, perdi peso e ia ao hospital e não acusava nada", conta à DW África. "Fiz o teste e deu positivo. Comecei o tratamento e estou a ver diferenças. Tenho de tomar um comprimido à noite para sempre".
Mas nem todos os pacientes encaram a situação da mesma forma, diz Fernando Nhapossa. "Algumas pessoas dizem que abandonam o tratamento por falta de condições. Não têm comida e quando tomam os comprimidos sem comer, há uma forte reacção".
Quem desiste do tratamento sofre consequências graves, alerta o coordenador do CCS em Inhambane. Segundo Rinquês Cantilal, os primeiros efeitos são as "infecções oportunistas que aparecem quando o organismo está enfraquecido e a imunidade baixa".
Aos doentes de HIV/SIDA, Fernando Nhapossa pede que não abandonem o tratamento. "Este medicamento é gratuito, vale a pena apostarmos nisso. Quem abandona sofre uma recaída", frisa.
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