Gülen pede investigação internacional sobre tentativa de golpe na Turquia
O teólogo islâmico Fethullah Gülen pediu que uma investigação internacional sobre as acusações feitas pelo presidente turco Recep Tayyip Erdogan de que ele estaria por trás da tentativa de golpe de Estado na Turquia, em 15 de julho deste ano. A afirmação foi feita numa entrevista divulgada nesta sexta-feira (23/09) pela emissora alemã de televisão ZDF.
Gülen, que vive em exílio autoimposto na Pensilvânia, nos Estados Unidos, desde 1999, ressaltou que não há evidências que o liguem à tentativa de golpe.
"Uma organização internacional deve analisar essas acusações. Se elas estiverem corretas, estou apto a aceitar o que eles querem. Mas eles não provaram nada ou responderam as minhas sugestões. Se provarem que falei pessoalmente ou por telefone com os responsabilizados pela tentativa de golpe, ficarei feliz em arcar com as conseqüências", disse o teólogo.
Erdogan acusa o rival de ser o líder da tentativa frustrada de golpe e de construir durante décadas uma rede de seguidores dentro das forças armas e de órgãos estatais, visando tomar o controle do governo. O presidente exige ainda dos Estados Unidos a extradição de Gülen. Os EUA alegam estar cooperando com Ancara, mas precisam de evidências para autorizar o processo.
Na entrevista, Gülen disse que se Washington aprovar a extradição, isso não será um problema. "Se os EUA disserem sim, então, eu irei. Passarei o resto dos meus dias sendo atormentado [pelo governo turco] e assim posso me libertar de todos os meus pecados e erros e alcançarei Deus como um homem puro", completou.
O teólogo acusou ainda Erdogan de ser o verdadeiro mandante do golpe. O presidente planejou o movimento há alguns anos e esperava somente a oportunidade certa, disse Gülen, acrescentando que o líder turco está usando o movimento frustrado para solidificar o seu poder.
Gülen alegou também que Erdogan está utilizando o golpe frustrado para silenciar seus opositores. A Turquia demitiu ou afastou mais de 100 mil funcionários públicos desde a tentativa de derrubar o presidente.
CN/dpa/rtr/lusa
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