Sakamoto: questão de atira e depois pergunta é que uma hora é o seu filho

O colunista Leonardo Sakamoto levantou o debate sobre a "lógica de atirar primeiro e depois perguntar", ao comentar o caso da jovem de 26 anos baleada na cabeça, na véspera de Natal, em ação promovida pela PRF (Polícia Rodoviária Federal), em Duque de Caxias (RJ). O comentário foi feito durante participação no UOL News, do Canal UOL, nesta quarta-feira (25).

Você tem toda uma estrutura política defendendo isso, e, do outro lado, uma população extremamente aderente a isso, uma população que está cansada da violência e acaba acreditando em saídas fáceis.

Saída fácil é o quê? Vai e atira, que o problema está resolvido. Só que o problema da saída de atirar primeiro e perguntar depois é que em algum momento é o seu filho, é a sua esposa, o seu marido ou é você mesmo que vai ser atingido pela bala de um policial.
Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

Juliana Leite Rangel levou o tiro durante uma operação da PRF na rodovia Washington Luís (BR-040). Ela seguia para Niterói, onde passaria a ceia de Natal com a família. O pai da menina, que dirigia o veículo, contou que, assim que ouviu a sirene da viatura, deu seta imediatamente indicando que iria encostar o carro, mas que os agentes já foram disparando vários tiros.

Um deles acertou a cabeça de Juliana. Ela foi levada para o hospital, passou por cirurgia e o seu estado de saúde é considerado gravíssimo.

Os policiais confirmaram que fizeram os disparos, segundo apurou a GloboNews. A Corregedoria-Geral da PRF determinou o afastamento preventivo dos agentes de todas as atividades operacionais. A PF também abriu uma investigação sobre a abordagem.

No UOL News, Sakamoto lembrou ainda que o episódio ocorreu um dia depois do decreto anunciado pelo governo Lula, que estabelece diretrizes sobre o uso de armas de fogo por policiais.

Sob a lógica de atirar primeiro, perguntar depois, muitas pessoas das periferias das grandes cidades têm morrido. Proprietários de carros humildes têm também se estrepado, porque a polícia tem sido extremamente violenta, atirando primeiro, perguntando depois.

O decreto não trata apenas da proibição de atirar em questão de carros que não apresentam risco, o mesmo vale para pessoas. Ha uma orientação para utilizar armamento menos letal (...) se o cidadão a ser contido não ser um risco, não estiver armado. A Polícia Rodoviária Federal tem sofrido muitas críticas nos últimos anos por ter atuado como guarda pretoriana do bolsonarismo, com casos de violência extrema e atuação golpista. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

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