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Veto de Trump é como "apagar a história", diz líder uruguaio

O presidente uruguaio Tabaré Vazquez - Marcus Leoni / Folhapress
O presidente uruguaio Tabaré Vazquez Imagem: Marcus Leoni / Folhapress

08/02/2017 08h13

Tabaré Vazquez lamenta decreto do presidente dos EUA contra cidadãos de países de maioria muçulmana e planos de erguer muro na fronteira. Em entrevista à DW, presidente também fala sobre situação política da Venezuela.

Em entrevista exclusiva à Deutsche Welle, o presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, criticou as políticas migratórias do presidente americano, Donald Trump, qualificando de "triste" e "terrível" o veto imposto a cidadãos de sete países de maioria muçulmana.

O veto de Trump é como "apagar de repente a própria história", disse Vázquez em Berlim nesta terça-feira (07/02). "É um retrocesso para um país de imigrantes como os Estados Unidos", considerou, em alusão ao papel desempenhado pela imigração nos EUA.

O líder uruguaio também criticou o plano do presidente americano de construir um muro na fronteira com o México para conter a imigração ilegal. O Uruguai "nunca vai erguer murros", pois o que convém é "fazer pontes", afirmou.

Vázquez também se manifestou sobre a situação política na Venezuela, afirmando que o país "tem três poderes, e os três poderes estão funcionando". "Talvez não seja a democracia com que estamos acostumados, por exemplo, no meu país", disse à Deutsche Welle.

"Os problemas da Venezuela têm que ser resolvidos pelos venezuelanos. O Uruguai está disposto, se é que pode fazê-lo, a ajudar que se encontre um caminho de diálogo efetivo", afirmou.

Outro tema abordado na entrevista foi a legalização da maconha no Uruguai, impulsionada pelo ex-presidente José Mujica. "Do ponto de vista político, a luta contra o narcotráfico não deu resultado. Pelo contrário. Deu resultados negativos", disse.

"Agora, eu não posso me afastar da minha posição de médico", prosseguiu Vázquez, formado em Medicina. "Não se deve consumir drogas. Nem maconha, nem droga alguma."

Visita à Alemanha

O presidente uruguaio viajou a Berlim acompanhado de uma delegação oficial, integrada por seis ministros, e de cerca de uma centena de representantes de empresas uruguaias de diversos setores. Além de se reunir com a chanceler federal Angela Merkel e o presidente alemão, Joachim Gauck, nesta quarta-feira, Vázquez se encontrará com representantes do mundo empresarial alemão, em Berlim e em Hamburgo, no norte do país.

Merkel destacou, em sua mais recente mensagem em vídeo semanal, uma série de fundamentos compartilhados por Alemanha e Uruguai, incluindo valores democráticos, a luta pela igualdade das mulheres e o respeito ao meio ambiente.

A chanceler federal alemã também destacou uma série de campos em que se poderia aumentar a cooperação entre os dois países, como a economia verde e o comércio. Merkel sinalizou que seria positivo estabelecer contatos com o Mercosul, tendo em vista um possível acordo comercial com a União Europeia (UE).

Após a Alemanha, Vázquez prossegue com sua visita à Europa até o dia 17 de fevereiro. Fazem parte da agenda da viagem um encontro com o presidente russo, Vladimir Putin, e com seu homólogo finlandês, Sauli Niinistö.